Doação do BID proporcionará eletricidade para 1.500 famílias e indicará um caminho para estimular os investimentos em energia solar na América Latina e no Caribe
Com o aumento da demanda por energia na América Latina e no Caribe na última década e a pressão crescente por atenção às questões relacionadas à mudança climática, os países da região estão se voltando cada vez mais para a energia solar e outras energias renováveis.
No entanto, os altos custos iniciais e considerações financeiras dificultam esses investimentos para as empresas. O apoio financeiro de governos nacionais ou organizações multilaterais pode ajudar a superar essas barreiras e impulsionar o avanço na tecnologia solar. Um projeto de energia solar no ensolarado nordeste do Brasil, apoiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, está mostrando um caminho para estimular os investimentos do setor privado em energia solar.
O projeto solar localizado no município de Tauá, no estado do Ceará, será o primeiro projeto de geração de energia de grande escala a conectar um sistema fotovoltaico (FV) ao sistema nacional interconectado do Brasil. Em seu estágio piloto, Tauá gerará 1 MW de corrente direta, e representa o maior projeto de FV incorporado a uma rede na América do Sul.
Tauá produzirá energia suficiente para suprir, inicialmente, cerca de 1.500 residências. A capacidade da usina de geração de energia solar deve se expandir para 5 MW, e pode vir a alcançar um máximo de até 50 MW. O projeto piloto criará 47 empregos na fase de construção e 14 no estágio operacional, além de proporcionar capacitação profissional especializada.
A energia produzida pela radiação solar contribui para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os efeitos da mudança climática. No entanto, o custo por MWh de eletricidade gerada por usinas de energia solar FV é maior que o custo da eletricidade gerada por fontes de energia convencionais. Para reduzir os custos de investimento, o BID aprovou duas doações em um total de US$ 700.000.
As doações abriram o caminho para que a MPX Energia S.A., uma empresa energética brasileira e a agência executora, assumisse esse projeto ambicioso. Ela financia a aquisição dos painéis solares, que são os elementos centrais e mais caros de uma usina fotovoltaica, e o trabalho de engenharia necessário.
“O apoio do BID foi fundamental para podermos participar dessa iniciativa. Tauá servirá como um exemplo importante de como concessionárias de serviços públicos podem ampliar a escala da geração de energia solar na América Latina e no Caribe”, disse Mário Sérgio Gomes, diretor financeiro da MPX Tauá Energia Solar.
A doação para Tauá também apoiará a preparação e divulgação de um estudo sobre tecnologia solar FV e incentivará mecanismos para geração de energia solar por intermédio de prestadoras de serviços públicos. O estudo procura oferecer um modelo replicável que possa ser aplicado na América Latina e no Caribe e ajude a promover a geração de energia solar FV em grande escala. Será analisado como governos locais podem ajudar a atrair e manter investimentos do setor privado em energia solar com sucesso. O estudo também identificará os benefícios econômicos que poderiam resultar de um desenvolvimento do mercado de energia solar.
As lições aprendidas com esse projeto fornecerão contribuições importantes para governos locais, como o do estado do Ceará, que está atualmente procurando desenvolver incentivos que ampliem os investimentos em energia solar. Tauá demonstra como um mecanismo de doações combinado com assistência técnica pode baixar os custos iniciais e ajudar a atrair novos investimentos para projetos ambientalmente sustentáveis.