O volume das exportações latino-americanas teve bom desempenho nos últimos 25 anos. Na verdade, elas excederam a expansão do comércio mundial no período. Mas, apesar da vantagem comercial, o crescimento econômico foi frustrante na região.
A promoção das exportações não era a chave do crescimento, segundo o mantra dos anos 1970? Esta era a crença geral, mas o tempo mostrou que para estimular o crescimento não basta apenas aumentar as exportações.
O Chile é o único país da região que cresceu contínua e vigorosamente durante quase todos os anos desde meados da década de 1970. Foi também o país que passou por mais reformas econômicas naquela década. Teriam esses dois dados alguma ligação? De acordo com Ricardo Ffrench-Davis, principal conselheiro regional da CEPAL-Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, reformas bem estruturadas tiveram um papel importante na história de sucesso do Chile.
Em seminário recente na sede do BID em Washington, D.C.,Ffrench-Davis apresentou critérios, muitos deles implementados no Chile e nos países do Leste Asiático, que ajudaram o crescimento econômico juntamente com o surto nas exportações. Explicou também as similaridades entre as economias do Chile e do Leste Asiático, ligando as políticas macroeconômicas e as exportações crescentes ao crescimento da economia.
O Chile, em contraste com os demais países da América Latina, implementou um sistema econômico baseado na concorrência, que atraiu investimentos e abriu novos mercados exportadores. Esse sistema permitiu que o país contasse com taxas favoráveis de câmbio e de juros.
De acordo com Ffrench-Davis, os países devem utilizar bem suas vantagens comparativas ao planejar suas exportações. Devem especializar-se em produtos que sejam altamente comercializáveis e levem a economias de escala. Devem também investir em tecnologia e recursos humanos e promover a poupança.
As taxas de crescimento medíocres da América Latina podem ser atribuídas à falta de reformas sólidas, disse Ffrench-Davis. Mercados de capital com taxas de juros desfavoráveis não encorajam a poupança nem promovem o investimento e o crédito. Além disso, as pequenas e médias empresas são as que mais precisam de infusões de capital. A falta de investimentos públicos em educação e pesquisa torna o país menos competitivo e portanto menos atraente para investidores.
Cada reforma tem um papel importante na produtividade nacional, que pode levar a impactos positivos ou negativos no crescimento do PIB, definido como consumo, investimento e gastos governamentais mais o saldo da balança comercial (exportações menos importações). As exportações são importantes para o desempenho econômico geral de um país, mas as reformas desempenham um papel essencial para melhorar o bem-estar econômico e a eqüidade.