Se a burocracia tivesse um local de nascimento, poderia ser o Palácio Uffizi em Milão, Itália. "Uffizi" significa "escritórios" e embora esta obra-prima do Maneirismo italiano do século 16 seja conhecida como um dos maiores museus de arte renascentista, originalmente se destinava a abrigar funcionários públicos.
Hoje, o serviço público na Itália está passando por um renascimento próprio. Segundo Franco Bassanini, ministro de administração pública da Itália, até recentemente a burocracia de seu país se caracterizava por "ilhas de excelência num mar de ineficiência". Ao falar a um seminário em fevereiro último na sede do BID em Washington, D.C., Bassanini disse que desde 1860 não se faziam reformas administrativas amplas no governo da Itália. Mas no começo dos anos 90, quando o país teve que equilibrar o orçamento e reduzir a dívida pública para atender às exigências fiscais rígidas de participação na União Européia, a urgência da reforma tornou-se evidente. Pela primeira vez, segundo Bassanini, emergiu entre o público italiano, líderes empresariais, organizações trabalhistas e parlamento um consenso geral em prol da modernização radical do governo.
O resultado foram medidas amplas destinadas a simplificar os regulamentos do governo, modernizar os procedimentos administrativos, restituir a autoridade dos governos municipais e criar um processo orçamentário central mais transparente que enfatizasse resultados concretos e melhor desempenho. Por exemplo: antes, para abrir uma nova empresa na Itália, eram necessárias 43 autorizações de 15 órgãos públicos diferentes, processo que podia levar até cinco anos, explicou Bassanini. Hoje, graças às reformas administrativas, as empresas novas apresentam um único pedido de autorização que leva uma média de apenas três meses para ser completado. O governo está promovendo esse conceito de soluções administrativas concentradas em inúmeros outros setores e está cada vez mais utilizando a Internet para simplificar a papelada burocrática.