O crescimento econômico na América Latina e no Caribe retornou a médias mais estáveis desde a pandemia. No entanto, em meio a mudança globais, a região precisa adotar uma série de reformas para aproveitar oportunidades de crescimento e traçar um rumo para gerar maior prosperidade aos seus cidadãos, de acordo com o novo relatório macroeconômico do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A região cresceu 2% em 2024, excedendo as previsões iniciais de 1,7%, e espera-se que cresça a uma taxa de 2,3% em 2025.
De acordo com o relatório Oportunidades regionais em meio a mudanças globais, as taxas de crescimento projetadas são insuficientes para atender às necessidades socioeconômicas urgentes da região, que incluem a redução da pobreza e da desigualdade. Os países da região precisam se concentrar, portanto, em aumentar a produtividade enquanto reduzem as desigualdades socioeconômicas e mantêm a estabilidade macroeconômica.
O relatório destaca uma série de oportunidades de crescimento, entre elas o aproveitamento do realinhamento das cadeias de suprimento globais, o aumento da integração intrarregional e redução da informalidade do trabalho, ao lado de uma gestão eficiente das políticas fiscal e monetária.
“A América Latina e o Caribe estão em um momento decisivo para explorar oportunidades sem precedentes. Desde a pandemia da COVID-19, a região alcançou uma série de resultados positivos. As taxas de crescimento retornaram às médias de longo prazo, a inflação foi em grande parte contida e muitos países adotaram medidas para a consolidação fiscal. No entanto, riscos substanciais permanecem, como a fragmentação do comércio global, volatilidade dos mercados financeiros e incerteza em torno da economia mundial”, disse Eric Parrado, Economista-Chefe e Conselheiro Econômico do Departamento de Pesquisa do BID.
De acordo com o relatório, a taxa de inflação média anual na região se reduziu para 3,8% no fim de 2024, depois de alcançar o pico de 9,8% em julho de 2022. Mas fatores domésticos, como incertezas fiscais e atividade econômica robusta em alguns países, continuam a exercer pressão sobre os preços. O relatório analisa como os formuladores de políticas podem equilibrar flexibilização monetária com riscos de inflação, garantindo ao mesmo tempo que as condições financeiras permaneçam favoráveis para o crescimento.
Oportunidades de crescimento para a América Latina e o Caribe
Entre as oportunidades econômicas não exploradas, o relatório destaca que o fortalecimento da integração intrarregional por meio do comércio e o investimento estrangeiro direto são fundamentais para aumentar a produtividade, incentivar a diversificação industrial e impulsionar o crescimento na América Latina e no Caribe. Apesar de interesses econômicos compartilhados, o comércio intrarregional responde por apenas 15% do comércio total da região, em comparação com 55% na Ásia e 68% na Europa. A mudança na dinâmica global criou oportunidades para a América Latina e o Caribe atraírem fluxos de comércio e investimento, sublinhando a urgência de integrar a região mais profundamente nas cadeias de valor globais.
O relatório também analisa como a formalização do trabalho pode ter um impacto favorável sobre a produção, o emprego e a receita pública. Trabalhadores e empresas informais contribuem menos para o PIB devido a menor produtividade e acesso limitado a financiamento, ao mesmo tempo em que a informalidade corrói a base tributária e enfraquece as finanças públicas. Um processo de formalização poderia aumentar o PIB significativamente em alguns países por meio de ganhos em produtividade, melhor alocação de recursos e melhora das contas fiscais.
O relatório destaca como os países podem fechar lacunas fiscais ao mesmo tempo em que apoiam o crescimento sustentável. Sob cenários de referência e de estresse, a dívida pública média na América Latina e Caribe alcançará de 57% a 63% do PIB até 2027. Em um relatório de 2023, o BID concluiu que a região deveria reduzir a proporção da dívida pública para uma faixa prudente de 46%-55% do PIB. Em resposta, os governos podem fortalecer posições fiscais lidando com ineficiências nos gastos públicos, particularmente em aquisições e investimento, transferências e salários.
As ineficiências nos gastos públicos em um conjunto de 15 países aumentaram ligeiramente de 4,4% do PIB em 2015-2016 para 4,6% em 2022, impulsionadas principalmente por um aumento nos vazamentos de subsídios de energia. A redução dessas ineficiências pode resultar em um aumento de 1,8 ponto percentual no crescimento do PIB, já que reformas da eficiência fortalecem posições fiscais e reduzem a carga da dívida.
No lado das contas externas e mercados financeiros, o relatório destaca a maior resiliência da região tanto em reduzir sua vulnerabilidade a paradas súbitas como em fortalecer sua capacidade de enfrentá-las. Isso é evidenciado pelo retorno dos spreads aos níveis pré-pandêmicos apesar das taxas de juros globais mais elevadas. Em meio a um cenário de mudança da economia global, os países devem permanecer comprometidos com o fechamento de lacunas fiscais e externas, construindo reservas e administrando riscos para navegar com sucesso pelo panorama complexo da economia mundial.
Sobre o BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) se dedica a melhorar vidas em toda a América Latina e o Caribe. Fundado em 1959, o BID trabalha com o setor público da região para desenhar e viabilizar soluções inovadoras e de impacto para o desenvolvimento sustentável e inclusivo. Impulsionando o financiamento, a experiência técnica e o conhecimento, promove o crescimento e o bem-estar em 26 países. Visite o nosso site www.iadb.org/pt-br
Cavelier,Andres
Press Coordinator

Relatório: Oportunidades regionais em meio a mudanças globais