As eleições nacionais na Costa Rica deram um exemplo vivo de como as organizações da sociedade civil se tornaram influentes na América Latina.
Um novo partido político, o Partido de Ação Cidadã (PAC), organizado ao longo de meses por uma coalizão de ONGs, conseguiu 26% dos votos, quebrando o domínio de dois partidos antigos que tinha sido uma constante na Costa Rica durante décadas.
Como resultado, membros do Partido de Unidade Social Cristã (PUSC) do governo e do Partido de Liberação Nacional, da oposição, agora dividem o Parlamento com os deputados do PAC, que incluem camponeses e representantes de organizações de mulheres. Doravante, os dois partidos políticos antigos terão de negociar acordos com os representantes do PAC para governar.
"A Costa Rica precisava acreditar em algo neste momento. O papel do PAC será restaurar a energia que falta hoje na sociedade civil de nosso país", explica Ana María Balbontín, da Universidade Nacional da Costa Rica. Ela acredita que a sociedade civil perdeu vitalidade na Costa Rica devido a circunstâncias especiais. "Houve um êxodo em massa de ONGs que recentemente abandonaram a Costa Rica para estabelecer-se na Nicarágua e em Honduras", diz ela. "Isso provocou uma crise que deixou muitos projetos inacabados."
Em declarações recentes, o ex-presidente costa-riquenho Rodrigo Carazo atribuiu esse êxodo à proliferação de fundações no país. Essas fundações diluíram o poder das organizações civis que desempenhavam um papel importante no movimento progressista na Costa Rica. "O PAC incentivará o renascimento das sociedades civis e convencerá seus membros a ficar e trabalhar neste país", disse Ana María Balbontín.