Depois de Seattle e Washington, protestos de rua tornaram-se comuns durante a realização de encontros internacionais, ao lado dos discursos e recepções tradicionais. Por isso, a quase completa ausência de manifestantes durante a reunião anual do BID em Nova Orleans em março causou surpresa.
Mas o fato é que os críticos estavam no interior do centro de convenções. Ao todo, cerca de 25 organizações não-governamentais (ONGs) assistiram à reunião como participantes registrados. Embora a presença de ONGs nas reuniões anuais do BID seja há anos uma constante, desta vez elas tiveram acesso a computadores, telefones, copiadoras e espaço para reuniões. Mediante lobbys e declarações escritas, levantaram questões sobre o impacto ambiental e social de projetos financiados pelo BID, pediram o cancelamento da dívida, exigiram mais esforço para reduzir a pobreza e um papel de maior das ONGs no trabalho do BID. "Queremos mais debate e maior participação pública nas grandes questões estratégicas, nos programas e nas políticas", disse Margarita Flores, da Red Bancos, com sede na Colômbia.
Os grupos, sediados em 11 países latino-americanos e nos Estados Unidos, congregavam redes que representam centenas de ONGs e duas organizações trabalhistas com milhões de membros. Refletiam o crescimento explosivo das organizações da sociedade civil na região, o qual revitalizou as instituições democráticas e enriqueceu o debate público.
Muito embora a crítica das ONGs fosse às vezes dura e suas expectativas talvez irrealistas, organizações como essas tornaram-se importantes interlocutoras do BID. Longe de considerá-las uma ameaça, o BID acolhe sua participação, porque acredita que elas oferecem perspectivas sobre os temas que podem fortalecer a capacidade do Banco de cumprir sua missão.
As relações entre o BID e as ONGs se estreitaram ao longo dos anos e continuarão a fazê-lo. "Fizemos progressos", disse K. Burke Dillon, vice-presidente executiva do BID numa reunião com representantes de ONGs. "Mas precisamos ainda de mais progresso." Como um passo nessa direção, Dillon disse que o Banco realizará encontros regulares com grupos da sociedade civil, além dos contatos que já mantém em sua sede em Washington e em suas representações nos países.