A lavagem de dinheiro é um negócio global de US$1,5 a US$2 trilhões ao ano, segundo estimativas do FMI, o que representa entre 2% e 5% do produto interno bruto (PIB) mundial. Aplicando a mesma metodologia na América Latina e no Caribe, estima-se que as transações de lavagem de dinheiro situam-se entre 2,5% e 6,3% do PIB regional, segundo estudo recente do economista do BID Alberto Chong.
Isto não representa apenas perdas com imposto de renda. A lavagem de dinheiro, explica Chong, distorce as economias e gera instabilidade, além de desincentivar o setor privado. As empresas legítimas chegam às vezes a ficar alienadas de certos setores devido à concorrência de empresas de fachada para lavar dinheiro. A lavagem de dinheiro, enfatiza Chong, põe em perigo a integridade dos mercados financeiros e a reputação de um país.
O Foro Econômico Mundial estima que a América Latina é provavelmente a região emergente do mundo onde a lavagem de dinheiro é mais ativa. Mas as cifras do FEM mostram que a magnitude do problema varia de país para país dentro da região. Ademais, o estudo de Chong revela que, quanto maior o tamanho da economia informal e mais baixa a qualidade da governança corporativa, maior é a lavagem de dinheiro. Um sistema financeiro mais estável e instituições sólidas tornam mais difícil a vida dos que se dedicam a esse negócio.
Para lutar contra a lavagem de dinheiro, é preciso fortalecer os sistemas financeiros da região mediante a cooperação multilateral. No plano legislativo, alguns países da América Latina avançaram bastante no cumprimento das 40 recomendações feitas pela Financial Action Task Force – FATF (Grupo de Trabalho Especial de Ação Financeira), um órgão intergovernamental cujo propósito é desenvolver e promover políticas contra a lavagem de dinheiro no plano nacional e internacional. Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai já cumprem com a maioria das principais recomendações da FATF.
Além disso, as organizações multilaterais já começaram seu trabalho de fortalecimento da supervisão financeira, capacitação e assistência técnica para prevenir e monitorar mais eficientemente a lavagem de dinheiro. Esses programas procuram criar mandatos legais contra a lavagem de dinheiro, bem como melhorar a capacidade de controle, explica Chong.
Na maioria dos casos, as multilaterais trabalham com organizações associadas que se especializam no tema. O BID se associou à comissão contra as drogas da Organização dos Estados Americanos (OEA) e sua iniciativa Esfuerzos de la CICAD contra a lavagem de ativos.