Os primeiros colecionadores de arte não estavam tão interessados em estética mas no poder. Os generais exibiam os despojos de guerra para mostrar seu êxito nas campanhas militares. Os líderes religiosos reuniam objetos preciosos para inspirar reverência e devoção.
Mas hoje a arte e outras formas de expressão cultural em muitos casos deixaram de ser meros ornamentos de poder para se tornar manifestações de poder elas mesmas. A cultura é uma indústria, uma importante fonte de renda para muitos países e uma guarda avançada da globalização econômica.
Como mostruário da cultura, os museus estão numa classe à parte. Onde antes eram pretensiosos e voltados para uma auto-designada elite cultural, hoje se esforçam por ser parte de suas comunidades. As cidades vêem os museus como pontos de reunião para a revitalização urbana e o turismo. Num bairro antes decadente à beira do lago na cidade de Cleveland, Estados Unidos, uma pirâmide impressionante construída por I. M. Pei e que abriga o Rock ‘n Roll Hall of Fame colocou a cidade no mapa dos aficionados do rock em todo o mundo. Em Bilbao, Espanha, um museu desenhado por Frank Gehry, saudado como o edifício do século, infundiu ânimo numa região economicamente deprimida e politicamente conturbada. Da mesma forma, em Quito, Equador, o novo Museu da Cidade, instalado num antigo hospital impecavelmente restaurado, tornou-se objeto de orgulho cívico e educação popular. Em um país que enfrenta enormes problemas econômicos, os cidadãos podem se orgulhar com razão de um projeto em que equipes de planejadores, restauradores e museólogos equatorianos, em apenas um ano e meio, transformaram uma estrutura em ruínas em mostra de arte.
Para vislumbrar o museu de Quito, veja as fotos da Reportagem Especial deste número ou, melhor ainda, visite Quito e algumas outras cidades latino-americanas cujos centros históricos estão se transformando graças a iniciativas como as que apresentamos neste número do BIDAmérica.