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O perfil do jovem empreendedor na América Latina

Eles pertencem à classe média, têm diploma universitário, começam a pensar em ter seu próprio negócio aos 25 anos, mas não abrem suas empresas menos de cinco anos depois. Estas são as características do jovem empresário latino-americano, de acordo com recente estudo desenvolvido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e que é tema do livro Desarrollo Emprendedor (publicado em espanhol e cuja versão em inglês sairá em outubro de 2004).

“O estudo procurou identificar os fatores que influenciam a criação e o desenvolvimento de novas empresas na América Latina”, de acordo com Hugo Kantis, um dos autores do livro. Os empreendedores enfatizaram o desejo de ser seus próprios patrões, contribuir para a sociedade, aumentar sua renda e colocar em prática o conhecimento adquirido. Muitos deles são bem-sucedidos em seus empreendimentos. “Eles crescem rapidamente e em seis anos têm cerca de 40 funcionários”, afirma  Kantis. “Seus principais clientes são geralmente outras empresas.”  A maioria das novas empresas são criadas por equipes empreendedoras, não por indivíduos. A maioria dos empreendedores são homens, e apenas 10% são mulheres.

Parte do estudo apresentado em Desarrollo Emprendedor se baseia em informações de 1.000 empresas na Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, México e Peru. De acordo com o relatório, no terceiro ano de operação as empresas bem-sucedidas têm uma média de 26 trabalhadores e vendas anuais da ordem de US$800.000.

Na maioria dos casos, o investimento inicial  para criar uma companhia não ultrapassa US$100.000. No México, a média do investimento inicial é a menor, enquanto a Argentina requer o maior investimento. Outra diferença é que em países com economias pequenas – Costa Rica e El Salvador são bons exemplos – a opção de exportar é mais bem explorada do que em países com economias maiores, nas quais o mercado doméstico constitui a principal fonte de demanda para novos negócios. Em países como El Salvador as vendas internacionais parecem ter sido beneficiadas pelas conexões que os empreendedores têm com pessoas da mesma nacionalidade que vivem fora do país.

Financiamento

Criatividade não falta para esses empreendedores, mas o mesmo não se pode dizer das fontes de financiamento. Os empreendedores da América Latina concordam que o maior obstáculo para criar uma companhia é o financiamento. Na maioria dos países da região, abrir uma empresa requer recursos próprios. Dos empresários entrevistados, 80% utilizaram recursos próprios ou reservas familiares como uma fonte importante de financiamento. Menos de 40% tiveram acesso a bancos para formar o capital inicial, e menos de 5% contaram com investimentos privados ou capital de risco .

Os resultados deste estudo sugerem que a falta de acesso às fontes formais de financiamento constitui um grande obstáculo à criação, sobrevivência e crescimento das empresas na América Latina. As conclusões do relatório indicam que, quando não há fontes formais disponíveis, os empresários são forçados a reduzir o tamanho inicial da empresa, buscar novos sócios ou adiar o início das atividades, o que pode acarretar a perda de oportunidades comerciais.

Desarrollo Emprendedor é editado por  Pablo Angelelli, Hugo Kantis e Virginia Moori Koenig.

 

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