WASHINGTON – A América Latina e o Caribe poderiam elevar o PIB per capita em 11% e reduzir a desigualdade em 6% ao tornar os mercados mais competitivos, de acordo com um novo relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
“Mercados e Desenvolvimento: melhorando vidas por meio da competição”, a mais nova edição da série de publicações de destaque do BID, mostra que a concorrência limitada e a alta concentração dos mercados nas economias da região enfraquecem o crescimento, reduzem os salários e mantêm as empresas pequenas e informais. Com base em um novo conjunto de dados de indicadores de competição, o estudo aponta que mercados mais fortes e mais justos são fundamentais para destravar produtividade e oportunidades.
“O relatório demonstra que os mercados não são apenas um elemento contextual no desenvolvimento: eles têm um papel ativo em sua promoção”, disse Ilan Goldfajn, Presidente do Grupo BID. “Quando a competição funciona, o setor privado pode fazer aquilo que faz melhor: criar empregos, impulsionar a inovação e entregar melhores resultados para trabalhadores e consumidores. Mercados mais fortes e mais justos são a chave para destravar o pleno potencial da América Latina e do Caribe.”
O relatório foi lançado hoje na sede do BID em Washington, D.C., como parte da série Desenvolvimento nas Américas (DIA). Com base em novas evidências – que incluem um novo banco de dados de indicadores de competição comparáveis entre países e setores – mostra como políticas ambiciosas e bem projetadas podem resultar em ganhos reais para consumidores, trabalhadores e setores empresariais como telecomunicações, bancos e saúde.
Entre os principais achados estão:
- A concentração do mercado na América Latina e no Caribe é quatro vezes maior do que em economias avançadas.
- As empresas na região cobram margens de lucro em média 35% acima do custo, em comparação com 20% em mercados mais competitivos.
- Os trabalhadores levam para casa apenas 50% do valor que geram, em comparação com 65% nos EUA e 81% em outras economias avançadas.
- 95% das empresas têm menos do que cinco empregados e absorvem 57% do emprego. As empresas mais produtivas – aquelas com mais de 50 empregados – equivalem a apenas 1% das empresas e 20% dos empregos.
- Se os mercados de trabalho fossem tão competitivos quanto em economias avançadas, segundo o relatório, o PIB per capita poderia aumentar até 25%-– impulsionado por mais investimentos e produção, alocação mais eficiente de recursos e trabalhadores transferindo-se para empregos melhores com salários mais justos.
“No BID, estamos comprometidos em conduzir pesquisas rigorosas e baseadas em evidências para ajudar os países a implementar reformas que gerem um impacto real para as pessoas e as empresas”, disse Laura Alfaro Maykall, Economista-Chefe e Consultora Econômica no BID. “Com esse relatório, estamos equipando formuladores de políticas e pesquisadores com os dados necessários para elaborar políticas mais inteligentes que estimulem a inovação, salários justos e crescimento sustentável”, acrescentou.
O relatório cita reformas pró-competição bem-sucedidas já em curso:
- Portabilidade numérica nas telecomunicações expandiu o acesso e reduziu custos.
- Sistemas de pagamento digitais reduziram barreiras a transações para empresas e consumidores.
- Portabilidade de empréstimos aumentou as opções de crédito e baixou os spreads das taxas de juros.
- Reformas de aquisições públicas levaram à redução de preços de bens essenciais, como insulina.
Para escalar esses ganhos, o relatório descreve três prioridades para os governos:
- Reduzir a fragmentação do mercado melhorando a infraestrutura, harmonizando regras, facilitando a interoperabilidade de sistemas e simplificando os processos de fronteira para que as empresas possam crescer e se conectar intrafronteiras e com cadeias de valor globais.
- Formular regulações mais inteligentes removendo regras que mantêm as empresas pequenas e criando políticas justas e baseadas em evidências que abordem as falhas de mercado ao mesmo tempo em que incentivam o crescimento.
- Fortalecer agências de competição dando-lhes mais independência, recursos e autoridade para coibir comportamentos anticompetitivos e promover economias justas.
Reformas bem-sucedidas requerem mais do que leis. Elas exigem investimentos em capacidade do Estado, aplicação confiável das leis por meio de tribunais independentes e agências autônomas e instituições políticas estáveis para evitar retrocessos.
Sobre o BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), membro do Grupo BID, se dedica a melhorar vidas em toda a América Latina e o Caribe. Fundado em 1959, o banco trabalha com o setor público da região para desenhar e viabilizar soluções inovadoras e de impacto para o desenvolvimento sustentável e inclusivo. Impulsionando o financiamento, a experiência técnica e o conhecimento, promove o crescimento e o bemestar em 26 países. Visite o nosso site: https://www.iadb.org/pt-br.
Mathus Ruiz,Rafael Alejandro
Andres Cavelier
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