Uma nova exposição de arte no átrio principal do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, D.C., oferece um vislumbre da dimensão humana da migração, dentro e fora da região. “Longe de casa: A experiência migratória na América Latina e no Caribe” será inaugurada em 9 de junho com um seminário sobre o impacto social da migração em educação, saúde, mulher e trabalho.
A exposição e o seminário estão sendo juntamente organizados pelo Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin), o Centro Cultural (EXR/IMG/CUL) e o Departamento do Setor Social do BID. Os eventos marcam o lançamento de uma nova iniciativa do Fumin e do Departamento do Setor Social que terá como objetivo abordar as dimensões humana, social e de mercado de trabalho da migração na América Latina e no Caribe. “Há vários anos temos trabalhado para aumentar a consciência em relação aos fluxos de remessas, a parte dos ganhos dos trabalhadores migrantes que é enviada para o país de origem, e para proporcionar aos migrantes e suas famílias mais opções financeiras. Estamos muito satisfeitos em ser parte dos esforços do BID para ampliar a percepção da migração na região”, disse Don Terry, gerente geral do Fumin.
“Trazida para a luz, a migração pode ser mais bem administrada, para benefício mútuo tanto dos países de destino como dos países de origem. A nova iniciativa será centrada em pesquisas baseadas em políticas e projetos-piloto para inovações em programas de capital humano e desenvolvimento econômico”, explicou Terry.
Candidataram-se artistas de toda a região, muitos deles residentes nos Estados Unidos e na Europa, em uma das maiores respostas até hoje a uma solicitação de propostas de arte convocada pelo Centro Cultural. Onze artistas (três deles em equipe), da Argentina, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, México, República Dominicana e Uruguai, foram selecionados para a exposição.
Expressa pelo coração e pelas mãos dos artistas da região, a migração pode ser vista em suas múltiplas formas – a incerteza da partida e a incerteza do retorno, a dificuldade de trabalhar nas sombras, a viagem perigosa. Uma única obra de arte pode romper muitos estereótipos. As obras oferecem uma imagem da vida dos migrantes e das novas formas de migração na regiã para novos países de destino, como Espanha e Japão, e entre países da própria região – bolivianos para a Argentina, guatemaltecos para o México e salvadorenhos e peruanos para o Chile.
“A resposta dos artistas da região a esta exposição foi impressionante”, conta Félix Ángel, diretor do Centro Cultural do BID. “A exposição consegue demonstrar, apenas pelo aspecto demográfico, que há uma longa e recorrente história de migração dentro e fora da região. Esse é um fenômeno que, nas Américas, foi constante em todo o período colonial e expandiu-se no final do século XIX, com a chegada de muitos europeus e asiáticos a várias partes de nosso hemisfério, como é ilustrado, por exemplo, pelo trabalho da artista uruguaia Andrea Gelsi Castillo.
O século XX presenciou muitas ondas de migração, entre elas os japoneses para o Brasil em 1908, os espanhóis que chegaram ao México e outros países fugindo da Guerra Civil no final da década de 1930, os cubanos durante a década de 1960 e os salvadorenhos durante a década de 1980 para os Estados Unidos, como é representado nas obras de Luisa Mesa e Nicolas Shi. O movimento mais recente de equatorianos e colombianos para a Espanha é mais uma expressão desse fenômeno, que não está circunscrito, claro, ao Novo Mundo.
O século XXI está apenas começando e ninguém pode negar o impacto cultural – além de econômico – representado pela migração para os povos do Caribe, Cone Sul, México e América Central, bem como para países como os Estados Unidos, Canadá, os da Europa Ocidental e mesmo o Japão. No ponto de vista artístico, a exposição é, de fato, um motivo de comemoração, um triunfo do espírito criativo que não se abate mesmo nas condições mais adversas.”
O movimento de trabalhadores através de fronteiras nacionais afeta o desenvolvimento social e do mercado de trabalho tanto no país de origem como no de destino, e essas tendências estão apenas começando a ser compreendidas. O seminário do dia 9 de junho pretende examinar brevemente seus vários impactos sociais e sobre a mão-de-obra, examinando diferentes contextos nacionais: equatorianos na Espanha, mexicanos que permanecem no México, a escolaridade das crianças em El Salvador.
Os debatedores serão Alejandra Cox Edwards (Universidade da Califórnia), Caroline Moser (Universidade de Manchester), Luis Felipe Lopez-Calva (UNDP, Nova York) e Andrew Morrison (Banco Mundial). O debate será moderado por Kei Kawabata, gerente do Departamento do Setor Social. O seminário incluirá também microdocumentários sobre migração do Relatório de Progresso Econômico e Social na América Latina 2008 do BID sobre exclusão social.
A exposição estará aberta ao público na semana de 9–13 de junho, em horário comercial. Um catálogo com reproduções de todas as obras selecionadas e biografias dos artistas será publicado para a ocasião.