Pular para o conteúdo principal

Iglesias conclama países da América Latina e do Caribe a criar melhores condições para o desenvolvimento da microempresa

Setor emprega mais de 110 milhões de pessoas na AL, mas precisa ampliar acesso a serviços financeiros e empresariais e melhorar quadros regulatórios

RIO DE JANEIRO – Os países latino-americanos e caribenhos precisam se esforçar para criar melhores condições para a microempresa, um setor econômico estratégico que emprega milhões de pessoas na região, afirmou hoje o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Enrique V. Iglesias.

“Alguns de nossos países estão passando momentos difíceis”, disso Iglesias na inauguração do 5º Fórum Interamericano da Microempresa. “Mas as crises também criam oportunidades.”

“É fundamental apoiar a microempresa, criar oportunidades, aproveitar essa força que tem capacidade para servir aos países nesses momentos difíceis, procurando atender as necessidades dos setores mais pobres da sociedade”, acrescentou. “O desafio de todos aqui é expandir os serviços financeiros e não financeiros para esses empreendedores”.

O fórum de três dias reuniu mais de 1.200 participantes, incluindo representantes de governos, ONGs, bancos, cooperativas de crédito, grupos comunitários, empresas consultoras, fundações filantrópicas, fundos de investimento, agências de cooperação e instituições multilaterais que apóiam a microempresa.

Quase metade das empresas latino-americanas e caribenhas está incluída nessa categoria de empreendimentos com menos de 10 trabalhadores. Cerca de 120 milhões de pessoas na região vivem da microempresa. Mas a maioria delas não tem acesso a serviços financeiros formais e à capacitação que lhes permita aumentar a produtividade.

Entretanto, Iglesias assinalou que as microfinanças avançaram muito na última década em países como Bolívia e Peru. Em outros ainda persistem obstáculos reguladores a seu desenvolvimento.

O fórum, disse o presidente, servirá para alertar os governos de todos os níveis sobre como a microempresa pode servir às metas sociais e econômicas, especialmente no momento que vivemos agora.

Estavam presentes à cerimônia inaugural do fórum o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, representando o presidente Fernando Henrique Cardoso; o ministro do Planejamento, Gestão e Orçamento, Guilherme Gomes Dias, que também preside a Assembléia de Governadores do BID; e a governadora do Estado de Rio de Janeiro, Benedita da Silva.

Na conferência organizada pela Divisão de Micro, Pequena e Média Empresa do BID com auspício do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e o Banco do Nordeste, os participantes discutirão o que podem os países fazer para gerar condições favoráveis para a microempresa. Entre outros temas, analisarão:

  • como as reformas das normas jurídicas e reguladoras podem apoiar a microempresa;
  • como reduzir a burocracia para atrair mais empresas para a economia formal;
  • quais os fatores institucionais e sociais que favorecem os empresários;
  • como as entidades financeiras maiores podem servir a microempresa; e
  • como o microcrédito pode ajudar a melhorar a habitação em comunidades pobres.

Na noite da segunda-feira 9 de setembro, o presidente Iglesias, a governadora Da Silva e o prefeito Maia entregarão os Prêmios Interamericanos ao Desenvolvimento da Microempresa e ao Empreendimento Social, que reconhecem as contribuições excepcionais de pessoas e instituições que promovem o desenvolvimento comunitário e da microempresa na América Latina e no Caribe. A cerimônia realizou-se às 19h45 na Marina da Glória.

Os ganhadores de 2002 são a Caja Municipal de Ahorro y Crédito de Arequipa, Peru; a Fundación para el Apoyo a la Microempresa (FAMA) da Nicarágua; a ONG brasileira Visão Mundial e o dirigente social brasileiro Oded Grajew.

A microempresa e o BID

O BID considera a microempresa como um instrumento chave para estimular o crescimento econômico e reduzir a pobreza na região. Por ser a principal fonte de financiamento multilateral para América Latina e o Caribe, o Banco já investiu mais de US$800 milhões em cerca de 500 iniciativas relacionadas com a microempresa.

Os recursos do BID apóiam as principais instituições de microfinanciamento da região. Após a cerimônia de abertura do fórum foi assinado um empréstimo de US$30 milhões ao Banco do Nordeste para expandir o microcrédito em uma das regiões mais pobres do Brasil.

Por meio do Fundo Multilateral de Investimentos (FUMIN) e seu Programa de Empreendimento Social, o BID fornece financiamento para o desenvolvimento de melhores serviços financeiros e empresariais a pessoas de baixa renda.

O BID e o FUMIN também apóiam reformas de normas jurídicas e reguladoras, dão assistência técnica e disseminam as melhores práticas para ajudar os países mutuários a gerar as condições necessárias para o desenvolvimento da microempresa.

Jump back to top