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Dois anos depois, o Haiti vira uma página

Ao se aproximar do segundo aniversário do terremoto de janeiro de 2010, o Haiti está determinado a mostrar ao mundo que se encontra “aberto para negócios”

Com a ajuda do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), autoridades do novo governo do Haiti realizaram em novembro uma conferência de investimentos em Porto Príncipe que atraiu mais de 1.000 participantes, entre eles centenas de empresários de 29 países. Vários contratos foram anunciados no evento, incluindo planos para construção de hotéis na capital.

Na mesma semana, o Haiti deu a largada para um novo parque industrial no norte, que é parte de um esforço mais amplo para promover a atividade econômica naquela região. A empresa âncora do parque, a fabricante de vestuário coreana Sae-A, planeja contratar até 20.000 trabalhadores. Outras firmas, entre elas um fabricante de mobílias, um fabricante de tintas, um produtor de cabos elétricos e uma operadora de call center, estão em fase de conversações para estabelecer operações ali.

O desafio para o Haiti é aproveitar o momento e transformar os recursos de auxílio em crescimento sustentável e mais empregos no setor formal. As novas autoridades prometeram impulsionar reformas para melhorar o clima de negócios do país, enquanto parceiros de desenvolvimento, como o BID, estão comprometidos a ajudar a financiar os investimentos indispensáveis para reconstruir e modernizar sua infraestrutura e órgãos do setor público.

O BID é uma fonte importante de assistência para o Haiti. Nos dois anos desde o terremoto, o Banco aprovou US$ 442 milhões em novas doações e desembolsou quase US$ 355 milhões para apoiar projetos em educação, transporte, energia, agricultura, água e saneamento e desenvolvimento do setor privado. Esses são os seis setores prioritários identificados em uma estratégia de cinco anos decidida em conjunto com o governo haitiano, dentro da qual o BID planeja fornecer cerca de US$ 1 bilhão em doações.

Em educação, o BID já aprovou US$ 100 milhões em doações para o ambicioso esforço do Haiti para expandir o acesso e melhorar a qualidade da educação. Uma parcela importante esses fundos ajudará a financiar a construção de 50 novas escolas públicas. Outra parcela vai para o programa de isenção de mensalidades que permite que cerca de 220.000 crianças frequentem gratuitamente escolas não públicas. O BID também está trabalhando para captar contribuições adicionais de outros doadores interessados em apoiar a reforma educacional no Haiti.

Em transportes, o BID está oferecendo assistência para modernizar as principais estradas do Haiti, entre elas as rodovias RN1, RN2, RN5, RN7 e RN8. Esses investimentos ajudam a melhorar a comunicação entre as principais cidades do país e com a vizinha República Dominicana. Uma doação aprovada em dezembro de 2011 também prevê recursos para pavimentação de vias urbanas, um projeto intensivo de mão de obra que gerará milhares de empregos temporários em várias cidades.

Em energia, o BID está trabalhando com outros doadores, como o Banco Mundial e a Agência para o Desenvolvimento Internacional do governo dos Estados Unidos, para ajudar o Haiti a fazer uma reforma abrangente de seu setor de eletricidade. Em 2011, o BID aprovou doações para garantir o financiamento necessário para remodelar a usina hidrelétrica de Péligre, a principal fonte de energia renovável do país. Pela reforma de suas três turbinas e equipamento eletromecânico, a usina recuperará sua capacidade instalada de 54 megawatts.

A agricultura é uma prioridade para o Haiti, já que quase metade de sua população vive em áreas rurais. O BID está apoiando o plano nacional de desenvolvimento rural através do financiamento de uma ampla variedade de atividades, que vão de irrigação a gestão de bacias hidrográficas. A operação aprovada mais recentemente proporcionará subsídios a agricultores para melhorar sua produtividade.

Em água e saneamento, o BID trabalha em estreita colaboração com o governo da Espanha para ajudar o Haiti a melhorar os serviços em Porto Príncipe, cinco cidades de porte médio e dezenas de comunidades rurais. Um dos maiores desafios nesse setor é reformar a deficiente companhia de água da capital. Para esse fim, a agência de água e saneamento DINEPA contratou uma equipe de especialistas estrangeiros, que começaram a lidar com os problemas.

Em termos de desenvolvimento do setor privado, em 2011 o BID aprovou uma doação US$ 55 milhões para a construção do parque industrial no norte, além de US$ 11 milhões para um programa destinado a prestar serviços de desenvolvimento para pequenas e médias empresas. Esse programa complementará as atividades de um fundo estabelecido com uma contribuição de €50 milhões da Espanha para cofinanciar empréstimos a PMEs haitianas junto com bancos e instituições de microfinanças locais.

O Fundo Multilateral de Investimentos do BID, focado tradicionalmente em microempresas, continuou a testar soluções inovadoras. Um de seus projetos mais recentes tenta recolocar o Haiti na posição de produtor de café de alta qualidade, trabalhando com cooperativas e organizações agrícolas. O projeto é apoiado pela agência de desenvolvimento francesa AFD, a Federação de Plantadores de Café colombiana e a gigante do setor de alimentos Nestlé.

Para o BID, o desafio será ajudar os haitianos a acelerar o ritmo de execução dos projetos, ao mesmo tempo em que fortalecem sua capacidade institucional. Para esse fim, o BID tem uma equipe de 55 pessoas trabalhando no local, apoiada por muitos outros especialistas na sede.

“Temos uma visão do futuro do Haiti e agora precisamos começar a transformar essa visão em realidade”, disse Agustín Aguerre, gerente do Departamento de País para o Haiti do BID. “Acho que esse é o desafio de2012. Passamos da desolação de 2010 para os sonhos de 2011 e, agora, 2012 precisa ser o ano de pessoas trabalhando e crianças na escola.”

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