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De fabricantes de cordas a plantadores de aspargos

Fabián Lucas, de 48 anos, sempre ganhou a vida vendendo cordas para agricultores, pescadores ou para uso doméstico – cordas para qualquer finalidade. Começou vendendo cordas nas ruas e depois passou a trabalhar numa fábrica. Mais tarde, fundou sua própria fábrica, que lhe trouxe uma modesta prosperidade.

Mas isso não é suficiente para esse empreendedor. Lucas sonha em quadruplicar suas vendas mensais de US$3.300 para US$13.000, expandindo-se tanto dentro da própria Guatemala como para os países vizinhos na América Central. Ele também está atento às oportunidades resultantes do Acordo de Livre Comércio América Central-República Dominicana-Estados Unidos. Como reflexo dessa ambição, as cordas de sua marca já são vendidas numa embalagem plástica com a imagem de um cowboy sobre um cavalo chucro no oeste norte-americano.

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Lucas comprou um novo equipamento para aumentar a produtividade da fábrica de cordas, mas continua a usar também o sistema acionado por pedais (abaixo).

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Poucos anos atrás, Lucas decidiu comprar algumas máquinas elétricas alemãs usadas para produção de cordas, a fim de aumentar sua produção. Até então, ele dependera exclusivamente de maquinaria caseira, montada a partir de bicicletas velhas e acionada por trabalhadores operando pedais. Em 2005, porém, Lucas enfrentou problemas financeiros. Devido a uma falta temporária de acesso a eletricidade trifásica, ele não conseguiu fazer alguns dos pagamentos mensais do empréstimo que lhe possibilitara comprar as novas máquinas, as quais ainda não estavam em operação. Ele precisava obter um empréstimo-ponte, ou corria o risco de perder seu investimento.

Lucas recorreu a um fornecedor de microcrédito local que, em anos recentes, também havia vivido uma rápida expansã a Asociación para el Desarrollo Integral de San Antonio Ilotenango, conhecida como ADISA. Os analistas de crédito da ADISA conheciam pessoalmente as operações de Lucas e estavam impressionados com sua trajetória de sucesso nos negócios. A associação concedeu a ele um empréstimo-ponte de US$20.000, com prazo de dois anos, que ele pagou pontualmente.

Avaliação do risco de crédito. Como a ADISA sabia que Lucas era um bom risco de crédito?

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O diretor geral da ADISA, Francisco Yat.

“Sabíamos, pelos seus comprovantes de renda mensal, que ele tinha recursos para pagar o empréstimo”, diz Francisco Yat, um ex-professor escolar de 33 anos que hoje é diretor geral da ADISA.

A ADISA, uma organização sem fins lucrativos, foi fundada em 1992 com alguns associados que pagavam 25 quetzals (cerca de US$3) por mês. Seu objetivo era encontrar maneiras de ajudar a atender às necessidades locais de desenvolvimento de um dos municípios mais pobres do país, centrando-se em três áreas: agricultura, saúde e educação. Uma primeira idéia, a de criar uma farmácia comunitária, nunca saiu do papel. Mas o fornecimento de pequenos empréstimos a agricultores pobres para comprar sementes e fertilizantes – com prazo de pagamento de um ano, após a colheita – atendeu a uma necessidade local imediata e lançou a ADISA no caminho para estabelecer uma operação de microfinanças viável.

Hoje, a ADISA tem 1.600 mutuários, escritórios em três cidades, uma carteira de empréstimos de US$1,6 milhão e US$400.000 em capital. Seus 59 funcionários em tempo integral não só operam um sistema de microcrédito sustentável como também executam programas de saúde e educação sob contratos governamentais.

Yat descreve a evolução da ADISA como um processo de tentativa e erro. No início, os analistas de crédito não sabiam como conduzir uma análise de risco rigorosa dos mutuários potenciais e, como resultado, a taxa de inadimplência era de cerca de 30%. As taxas de juros estavam por volta de 34% ao ano, mas, mesmo assim, a organização tinha dificuldade para sobreviver. Depois de muitos anos de experiência e desenvolvimento de capacidade, a taxa de inadimplência foi reduzida para 4,5%, e a taxa de juros cobrada está hoje por volta de 24%.

A assistência internacional, primeiro do Canadá depois da Holanda, ajudou a ADISA a adotar técnicas melhores de administração de crédito e a expandir sua carteira de empréstimos no final da década de 1990.

Uma concessão de US$250.000 do BID para assistência técnica e um empréstimo do BID de US$500.000 desembolsado em 2002 permitiram que a ADISA realizasse uma expansão importante em anos recentes, diz Yat. Os recursos ajudaram-na a estabelecer um sistema de administração de crédito consistente, instalar os programas de computador necessários, capacitar pessoal e elaborar um plano comercial de longo prazo. Agora, a ADISA está procurando recursos adicionais para se expandir ainda mais.

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A filha de Simaj cuida da padaria da família.

Ao longo dos anos, a participação de empréstimos agrícolas na carteira da ADISA diminuiu, ao passo que os empréstimos para o comércio aumentaram. Um mutuário típico da organização é Encarnación Simaj, que opera uma padaria com a ajuda de seus três filhos adultos. Ela recebeu dois empréstimos da ADISA, um de US$ 6.600 em 2004 e outro de US$ 10.000 em 2005, que lhe permoitiram comprar novos equipamentos para o forno e elevara produção em 50%.

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Pequenos agricultores como Vicente beneficiam-se dos empréstimos da ADISA.

A ADISA, porém, não abandonou suas origens. Ela continua a emprestar a pequenos agricultores, como Manuel Vicente, de 37 anos, pai de seis filhos. Ele recebeu um empréstimo de US$3.300 da ADISA em 2006, com prazo de seis meses, para comprar sementes e fertilizantes destinados ao cultivo de aspargos e outras hortaliças em sua pequena fazenda e transportá-los até o mercado. No próximo ano, ele repetirá o processo de empréstimo, que é fundamental para sua sobrevivência econômica e a de sua família.

Perguntas? Comentários? Sugestões? Escreva para editor@iadb.org

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