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BID patrocina conferência sobre dimensão ética do desenvolvimento em Belo Horizonte, Brasil

BELO HORIZONTE – O debate público das sociedades modernas deve ter como objetivo três componentes: a estabilidade política, a participação social e a cidadania corporativa. Um projeto coletivo, com partilha de direitos e deveres, implica a participação da sociedade, governo e setor privado. Esta foi a mensagem do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique V. Iglesias, na abertura do encontro internacional A Dimensão Ética do Desenvolvimento: os novos desafios do Estado, da empresa privada e da sociedade civil na quinta-feira em Belo Horizonte, Minas Gerais. “Democracia implica co-responsabilidade e esse debate pode contribuir para a criação de uma cultura sensível aos valores éticos”, afirmou.

O encontro contou com a participação de representantes de 28 países, cerca de 1.200 pessoas, que discutiram até o final da sexta-feira os desafios éticos do Estado, da sociedade civil e da empresa. O Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen participou de uma videoconferência, na qual abordou os novos e os velhos desafios da ética. “O sucesso de uma economia depende não apenas da produção geral e opulência agregada, mas a equidade e a justiça na distribuição também são importantes”, destacou. Segundo ele, o sucesso da vida social depende em grande parte do que as pessoas farão espontaneamente para as outras.

O evento reúniu as mais diversas entidades e especialistas engajados com o tema e tem a finalidade de estimular a aplicação dos valores éticos, postura que vem transformando realidades de empresas e comunidades. Foi uma oportunidade de empresas, representantes de organizações, governo e sociedade conhecerem, debaterem e trocarem experiências sobre a responsabilidade social e ética, reflexos sociais, econômicos e ambientais.

A abertura contou ainda com a presença do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do primeiro-ministro da Noruega, Kjell Magne Bondevik. Para o presidente Lula, a discussão do tema revela uma realidade bastante clara para o mundo: não há desenvolvimento sem ética. “Hoje não basta uma economia crescer. É preciso ter a certeza que esse crescimento vai ser repartido entre todos que compõem a sociedade”, afirmou. Ele citou o caso brasileiro, que experimentou crescimento de 7% ao ano no período de 1950 a 1980, mas sem distribuição de renda. “E essa responsabilidade é de todo homem e mulher que têm a ética como referência de comportamento em sua vida”.

O primeiro-ministro da Noruega ressaltou que no Brasil há um compromisso político de colocar no centro das preocupações da política pública o combate à pobreza e à injustiça social. Segundo ele, a pobreza não será vencida com políticas ou ações ditadas fora do país, mas sim com a defesa dos direitos humanos, com boas práticas da iniciativa privada na área ambiental e social e com o incentivo do debate público pelo Estado.

O encontro foi uma promoção da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, com o BID e apoio dos governos de Minas Gerais e da Noruega. Reúniu líderes políticos, empresariais e da sociedade civil das Américas em geral e Europa para analisar a agenda ética pendente da América Latina e Caribe. Participaram ainda da cerimônia inaugural o governador do Estado de Minas Gerais, Aécio Neves, e o presidente da Fiemg, Robson Braga de Andrade.

O coordenador da Iniciativa Interamericana de Capital Social, Ética e Desenvolvimento do BID, Bernardo Kliksberg, disse que o foco da reunião foi “aprender a partir de experiências exemplares de responsabilidade social mobilizadas pela ética e identificar projetos conjuntos para a região”. O seminário foi encerrado pelo vice-presidente de Planejamento e Administração do BID, Paulo Paiva.

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