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Alta tecnologia pode dar lucros ecológicos

Quando o então presidente José María Figueres precisou de um exemplo do espírito empreendedor da Costa Rica para seu discurso de 1997 sobre o estado da União, procurou um jovem engenheiro chamado Guillermo Pereira. A empresa de Pereira, Fortech Química, simbolizava tudo que a Costa Rica buscava em sua política de promoção de negócios: iniciativa privada e inovação, apoio do governo para pesquisa e exportação e colaboração entre a indústria local e a multinacional. Era também um bom exemplo dos benefícios do financiamento de capital.

A Fortech é um dos oito investimentos feitos desde 1996 pela Corporación Financiera Ambiental (CFA), o primeiro fundo de capital de risco na América Central e ainda hoje o único que investe exclusivamente em empresas ecológicas de pequeno porte. O Fundo Multilateral de Investimentos, administrado pelo BID, tem um investimento de US$4,85 milhões na CFA.

"Estamos aqui para mostrar com exemplos concretos que não há conflito entre o desejo de ter lucro e um projeto que ajudará o meio ambiente", explica o diretor da CFA Leonardo Ramírez.

Os US$300.000 que a CFA investiu em capital e empréstimos na Fortech foram essenciais para o futuro promissor da empresa. Pereira estabeleceu a Fortech em 1994 usando as facilidades proporcionadas por um programa do governo de encorajamento de pesquisa e desenvolvimento. Trabalhando junto à fábrica da Motorola em San José, ele inventou um solvente ambientalmente seguro para polir os cristais de quartzo usados nos telefones celulares, levando a Motorola a parar de usar uma solução química importada mais tóxica e cara. As estimativas da Motorola são de que o novo solvente economizou para a empresa US$2 milhões nos últimos dois anos.

"Imediatamente nos demos conta de que ter um fornecedor local nos economizaria tempo para encomendar o material e ajustar o produto mais tarde à medida que nossos sistemas evoluíssem", explicou Andrés Montes de Oca, gerente de materiais da Motorola em San José. "Mesmo assim, era arriscado para uma multinacional confiar algo dessa magnitude a alguém que nunca nos tinha vendido nada no passado."

Por volta de 1997, a Fortech estava vendendo 10.000 litros ao mês de solvente biodegradável à Motorola, com vendas anuais de mais de US$1 milhão, 50% a mais do que no ano anterior. Com uma nova linha de produtos a caminho e crescentes demandas para exportar para países como a Venezuela e a China, Pereira precisava de capital de giro e de uma nova fábrica. Depois que vários bancos lhe disseram "não", ele voltou-se para a CFA.

"O problema é que nossa principal atividade é know-how. Para conseguir um empréstimo junto a um banco, é preciso ter cauções reais", disse Pereira.

Como acionista e sócio, a CFA ajudou a Fortech a reorganizar seus procedimentos administrativos e contábeis, fortalecer seus contatos internacionais e obter uma patente nos Estados Unidos para o Biotech, o produto que vende para a Motorola.

A inauguração da nova fábrica da Fortech coincidirá com sua saída do Centro de Incubação de Empresas, o parque industrial estatal de pesquisa e desenvolvimento na província de Cartago. Como disse o Presidente Figueres à nação, a Fortech foi a primeira empresa a "diplomar-se".

"Meu sonho é tornar-me uma companhia de porte internacional", diz Pereira. "O investimento apareceu na hora certa."
 

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