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Uma ponte com coração de aço

Não há nenhuma dúvida. A nova e admirável ponte estaiada de Pereira, pintada em vermelho e branco, ganha de longe do outro marco histórico da cidade - a infame estátua do herói da guerra da independência Simón Bolívar, montado nu a cavalo num parque central da cidade.

Esta "pérola do rio Otún", como o jornal El Tiempo a descreve, promete não só continuar a ser um notável marco visual, mas também resolver sérios problemas de transporte no coração da região cafeicultora da Colômbia.

A estrutura de quatro pistas, complementada com calçadas para pedestres, liga Pereira (população: 350.000) a Dosquebrados (população: 100.000) e elimina um grande estrangulamento entre a segunda e a terceira maiores cidades do país, Medellín e Cali. Antes, os veículos cruzavam o rio por uma estrada de duas pistas que baixava até o nível do rio. A nova ponte economiza 40 minutos do tempo de viagem para os 35.000 veículos que a cruzam diariamente.

Cerca de dois terços do custo de US$45,4 milhões da ponte e das estradas de acesso foram financiados como parte de um programa de US$1,7 bilhão para melhorar os principais corredores rodoviários e ferroviários do país. O programa foi financiado com ajuda de um empréstimo do BID de US$300 milhões aprovado em 1995.

As cores festivas da ponte serviram de pano de fundo para as festas de inauguração em novembro último que incluíram bandas de música tocando salsas e cumbias, grupos de dança e desfile de carros alegóricos. Estavam presentes o Presidente colombiano Ernesto Samper, o ministro dos Transportes Jorge Enrique Rizo e o Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos César Gaviria Trujillo.

"Quem pode não ficar otimista com o futuro da Colômbia", disse Gaviria, "depois de ver a beleza desta estrutura gigantesca que não só une duas cidades mas todos os colombianos."

Mais de 3.000 toneladas de barras de aço foram usadas para reforçar os dois enormes pilonos de concreto sobre os quais repousa a ponte. Além disso, os pilonos em forma romboidal, com sua pequena base, oferecem mais proteção contra terremotos.

Os terremotos são uma preocupação nesta cidade que já sofreu um que atingiu 7,5 na escala Richter em 1995. Essa foi a principal razão pela qual os engenheiros escolheram o desenho incomum de uma ponte estaiada, cuja flexibilidade lhe permite agüentar os tremores.

A supervisão da construção por um consórcio de engenharia ítalo-colombiano foi especialmente rigorosa; cada leva de concreto tinha que passar por um teste de pressão hidráulica de 130 toneladas.

"A flexibilidade desta estrutura de aço e concreto deve garantir sua capacidade de resistir a terremotos de até 8,0 na escala Richter", disse Vincenzo Gozzi, supervisor-chefe da construção.

A Figg Engineering da Flórida, especialista mundial no desenho de pontes estaiadas, criou um plano de construção ponto a ponto no qual os dois pilonos seriam construídos primeiro e a superfície de aço e concreto do leito da rodovia seria construída a partir daí.

"Era uma operação muito delicada", diz o engenheiro de pontes da Figg, Juan Goni, que trabalhou no projeto. "Na verdade, a ponte foi primeiro construída no computador, passo a passo, computando as pressões a que seria submetida a cada passo. Tudo tinha que dar certo para permitir que as forças ficassem dentro dos limites e que as duas superfícies da ponte se encontrassem no centro."

A ponte foi construída por um consórcio teuto-brasileiro, com assistência de empresas de Portugal e da França para controle geométrico e cabos. A construção levou mais de três anos e às vezes empregou 550 pessoas. Para medida adicional de segurança, sensores cumputadorizados da Itália e Suíça, que custaram US$3 milhões, foram instalados para fiscalizar qualquer mudança na condição física da ponte, causada por tremores ou terremotos, que tenha que ser corrigida ajustando-se a tensão dos cabos. O Instituto Nacional de Rodovias da Colômbia estima que a ponte pagará seu custo de US$45,4 milhões em apenas nove anos, graças à economia com despesas de transporte.

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