Agora que ficou evidente que a causa central da atual crise financeira asiática são bancos mal administrados, os governos e investidores estão perguntando por que os problemas não foram detectados antes. Mais especificamente, estão voltando a examinar as técnicas usadas para diagnosticar a saúde dos bancos e evitar problemas. Esses indicadores são usados pelos reguladores do governo para prevenir crises e pelos serviços de avaliação de crédito para alertar seus clientes para os riscos de investimentos em determinados países.
Nos países industrializados e em desenvolvimento, tradicionalmente usam-se três critérios para medir a saúde dos bancos: suficiência de capital (medida como a relação entre capital e ativos ponderados por risco), qualidade dos ativos (uma avaliação da qualidade dos empréstimos do banco) e liquidez (os haveres do banco em caixa e a capacidade de vender seus ativos).
Esses critérios mostraram ser bastante confiáveis para avaliar sistemas financeiros maduros do mundo industrializado. Mas segundo Liliana Rojas-Suárez, ex-economista do BID e atual economista-chefe para a América Latina e o Caribe no Deutsche Morgan Grenfell, provavelmente eles podem não ser o melhor meio para avaliar os bancos nos países em desenvolvimento. Num estudo recente, Rojas-Suárez mostra que, antes da crise do peso mexicano em 1994-1995, os indicadores de alerta habituais não previram quase nenhuma das crises subseqüentes em diferentes bancos. De fato, muitos bancos que acabaram tendo problemas na verdade satisfaziam alguns desses critérios.
Rojas-Suárez argumenta que esses erros se devem em grande parte à inadequação dos padrões de contabilidade e das exigências de divulgação de relatórios financeiros em muitos países em desenvolvimento. Essas debilidades permitem que os bancos divulguem números que dão a impressão de uma saúde financeira maior do que a que existe na verdade. A propriedade de ativos reais e financeiros altamente concentrada em muitos países em desenvolvimento também subverte a capacidade dos reguladores de discernir a verdadeira condição financeira dos bancos, diz ela. Isso porque os investidores abastados podem mover seus ativos e emprestar uns aos outros através de entidades "não-financeiras" não regulamentadas.
Rojas-Suárez propõe um conjunto de critérios alternativos com base nas taxas de juros que os bancos nos países em desenvolvimento cobram dos mutuários e oferecem aos depositantes. Segundo sua análise, os bancos financeiramente débeis freqüentemente tentam ganhar uma parcela do mercado oferecendo taxas altas aos depositantes e taxas comparativamente baixas aos mutuários. Ela acredita que o exame dessa margem entre as duas taxas pode permitir aos reguladores uma leitura mais acurada da saúde de um banco do que os meios tradicionais. Rojas-Suárez diz que essa abordagem teria previsto entre 70 e 80 incidentes de problemas bancários durante a crise do México.
Para obter uma cópia do estudo de Rojas-Suárez, telefone para (212) 469-2629.