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Três nações andinas lideram a América Latina em clima de negócios para microfinanças, de acordo com novo indicador

SAN SALVADOR - Bolívia, Peru e Equador reúnem as melhores condições na América Latina para microfinanças de acordo com um novo indicador apresentado na capital de El Salvador pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pela Corporação Andina de Fomento (CAF) e pelo Economist Intelligence Unit (EIU).

O indicador, batizado de Microscópio, foi encomendado pelo BID e pela CAF ao EIU, um serviço especializado da prestigiosa revista The Economist. O Microscópio analisa fatores como clima para investimentos, desenvolvimento das instituições públicas e marcos regulatórios para o setor de microfinanças.

Os resultados da primeira avaliação do Microscópio, que analisou 15 países latino-americanos, foram apresentados na terça-feira em reunião com representantes de entidades de regulação bancária e especialistas em microfinanças, na véspera do X Fórum da Microempresa, que será realizado nesta cidade, no período de 3 a 5 de outubro.

"O setor de microfinanças desenvolveu-se de forma considerável na América Latina e no Caribe, onde vivem cerca de seis milhões de clientes do microcrédito", comentou Sandra Darville, do Fundo Multilateral de Investimentos, instituição do BID que apoiou as principais redes de microfinanças da região.

"Mesmo assim, nós mal conseguimos chegar à décima parte dos empreendedores mais pobres", avaliou Darville. "Esse índice pode servir de guia para que os países criem condições para o setor de microfinanças prosperar, sobretudo nos países maiores e nas zonas rurais, e assim beneficiar os milhões de pessoas que não têm acesso aos serviços financeiros formais."

De acordo com o indicador, que permitirá aos países da região comparar seu desempenho com o de seus vizinhos em questões de microfinanças, os países menores e mais pobres estão bem mais adiantados que os maiores e mais ricos.

Atrás desses três países andinos, os países em que as microfinanças encontram condições mais propícias são El Salvador, República Dominicana, Nicarágua e Paraguai. Os últimos colocados dessa lista são Venezuela e Argentina.

Robert Wood, analista sênior para a América Latina e o Caribe do Economist Intelligence Unit, observou que as condições ideais para as microfinanças diferem daquelas para os investimentos tradicionais. Assim, o indicador revela que o setor de microfinanças tem condições de prosperar nos países com clima de negócios menos atraente.

"Não adianta desfrutar de condições macroeconômicas e políticas estáveis se não estiverem presentes outros elementos fundamentais e mais específicos para a regulação e a operação das microfinanças", explicou Wood. "Os países com ambientes propícios para as microfinanças conseguirão avançar ainda mais, é obvio, se progredirem no que diz respeito à estabilidade política, ao desenvolvimento dos seus mercados de capitais, aos sistemas judiciais e a outros fatores."

O indicador também assinala que, embora as microfinanças tenham atingido um nível de desenvolvimento considerável na América Latina, os avanços não foram uniformes na região. Na maior parte dos países ainda há espaço para aperfeiçoar questões como regulação da criação de instituições microfinanceiras, gama de serviços oferecidos aos clientes, cobertura das agências de crédito e eficácia do processo de solução de controvérsias.

Além disso, o estudo menciona também que nos últimos anos muitos países da região fizeram reformas promissoras no setor de microfinanças que poderão render frutos no futuro. Contudo, o Economist Intelligence Unit alerta, no sumário executivo do relatório, para o fato de que "há uma nuvem no horizonte de alguns países: a possibilidade de que seus governos cedam à tentação de adotar medidas contraproducentes, tais como concorrer diretamente com as instituições de microfinanças por meio de programas públicos de subsídios, fixar limites às taxas de juros cobradas, ou permitir que organizações não governamentais ascendam à condição de formalidade sem estar devidamente capitalizadas e sem supervisão ou controle".

Alejandro Soriano, diretor adjunto da CAF para micro e pequenas empresas e microfinanças, lembrou que a função do indicador Microscópio deve ser promover o efetivo desenvolvimento das microfinanças nos países que carecem de instituições especializadas e onde as autoridades públicas reúnam as condições para apoiar a criação de quadros regulatórios prudenciais.

"Os resultados encontrados neste estudo foram, de modo geral, aqueles que muitos de nós esperávamos. Contudo, era preciso publicá-los para estimular ação em vez de opinião e promover mudanças em nossos países que, com poucas exceções, apresentam níveis de pobreza preocupantes", lembrou Soriano.

O indicador Microscópio leva em consideração treze critérios relacionados à eficácia do marco regulatório para o setor de microfinanças, o grau de desenvolvimento institucional desse setor e o clima de investimentos nos seguintes países: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, El Salvador, Equador, Guatemala, México, Nicarágua, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

O indicador pontua os países de acordo com esses critérios e segundo dados de fontes governamentais e da iniciativa privada, estudos acadêmicos, relatórios da imprensa, entrevistas com especialistas da região e avaliações realizadas pelo Economist Intelligence Unit. Pode-se utilizá-lo para fins de comparação e para analisar os pontos fortes e fracos do clima de negócios no setor de microfinanças em cada país.

O Fumin e a CAF esperam que, nos próximos anos, o Microscópio faça uma análise ainda mais apurada das condições para as microfinanças na América Latina e abranja mais atores da indústria, inclusive os órgãos reguladores, bem como mais países da região. Suas conclusões serão apresentadas anualmente.

O indicador foi apresentado na véspera do X Fórum Interamericano da Microempresa, organizado pelo BID e pelo Ministério da Economia de El Salvador no período de 3 a 5 de outubro. São esperados mais de 1.200 representantes de instituições microfinanceiras, cooperativas de poupança e crédito, bancos comerciais, fundos de investimento social, fundações, centros de estudos, consultorias, agências governamentais e organizações internacionais.

 

 

 

PONTUAÇÃO GERAL

 

1

Bolívia

79,4

2

Peru

74,1

3

Equador

68,3

4

El Salvador

61,5

5

República Dominicana

57,5

6

Nicarágua

53,8

7

Paraguai

52,9

8

Chile

48,3

9

México

48,3

10

Colômbia

46,1

11

Guatemala

44,0

12

Brasil

43,3

13

Uruguai

35,8

14

Venezuela

27,4

15

Argentina

26,8

 

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