Em 20 de outubro, a sede do BID em Washington, D.C., transformou-se por algumas horas em uma grande central de rádio, a partir da qual mais de uma dúzia de apresentadores de programas de rádio deram cobertura ao vivo à conferência "Violência Doméstica na América Latina e no Caribe", que durou dois dias e contou com a participação de mais de 400 especialistas de 37 países.
A partir dos "estúdios" portáteis montados fora do Auditório Andrés Bello do Banco, os locutores receberam chamadas dos ouvintes e transmitiram as discussões em espanhol e inglês para um público estimado de 25 milhões de pessoas nos Estados Unidos e no México.
O evento permitiu que as pessoas em suas casas e em seus escritórios trocassem idéias sobre a violência doméstica com eminentes figuras políticas e autoridades, o que possibilitou a exposição sem precedentes de uma questão que há muito vem sofrendo da negligência oficial.
Entre os participantes da conferência encontrava-se a primeira-dama dos Estados Unidos, Hillary Rodham Clinton, que disse aos ouvintes que a violência doméstica contra as mulheres é uma das mais graves e devastadoras violações dos direitos humanos nas Américas. Foram também palestrantes Billie Miller, vice-primeira-ministra de Barbados, Ulrica Messing, ministra para os assuntos de igualdade da Suécia, e Mayra Buvini, chefe da Divisão de Desenvolvimento Social do BID.
Uma pesquisa recente do Gallup constatou que entre 22% e 53% dos entrevistados no Canadá, na Colúmbia, no México e nos Estados Unidos tiveram conhecimento pessoal de casos de agressão física no recesso do lar. O Gallup concluiu que cerca de 30 milhões de mulheres sofreram violência doméstica alguma vez. Das que trabalham fora de casa, de metade a um terço das vítimas disseram que a violência de seus maridos resultou em maior absenteísmo no emprego e em redução da eficiência em suas tarefas profissionais. Os palestrantes da conferência observaram que números como esses reforçam a necessidade de se tratar a violência doméstica como um problema de desenvolvimento que afeta negativamente as sociedades como um todo.
O Presidente do BID Enrique V. Iglesias disse aos participantes que o Banco planeja incorporar projetos de combate à violência doméstica em seus programas nas áreas de saúde, reforma judicial, educação e modernização do Estado. O Banco está também financiando dois programas específicos para reduzir e prevenir a violência doméstica: um visa a construção de redes organizacionais para impedir a violência doméstica e o outro tem por objetivo o treinamento de juízes em questões de violência doméstica.