Quanto maior a sensação de segurança, maior o valor médio das residências. Custo total nas áreas metropolitanas ultrapassa R$ 27 bilhões
O aumento da sensação de segurança em casa pode acarretar um aumento no valor médio dos imóveis nas áreas metropolitanas brasileiras em até R$ 1513,00. Aplicando-se este valor médio a todas as 18 milhões de famílias residentes nestas áreas, a cifra ultrapassa R$ 27 bilhões.
É o que revela o estudo “O impacto da sensação de segurança sobre valores de imóveis residenciais em áreas metropolitanas brasileiras”, encomendado pela Divisão de Capacidade Institucional do Estado do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O medo de ser vítima de qualquer tipo de violência tem sido reconhecido como um problema social significativo, e esta cifra evidencia uma das nuances do custo da violência, até então intangível.
De acordo com o coordenador da pesquisa, David Vetter, a maior parte das análises anteriores se concentrou nos índices de criminalidade registrados junto às autoridades policiais e sua relação com o preço das residências. “Nosso estudo procurou avaliar não apenas o impacto destes índices, mas o impacto da sensação de segurança sobre o valor dos imóveis residenciais, ou seja, inclui na conta o medo de se tornar vítima”, disse.
O estudo compreende as áreas metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Distrito Federal e evidencia que existe uma significativa relação entre renda mensal e sensação de segurança em casa. O aumento do valor médio dos imóveis é explicado em parte pelas medidas de segurança adotadas por famílias com maior renda.
Estas famílias tendem a se sentir mais seguras em casa, ainda que suas residências sejam alvos preferenciais quanto a roubos e furtos. Neste contexto, o estudo constata um paradoxo: onde há maior sensação de segurança é justamente onde se encontram as maiores taxas de vitimização.
A análise utilizou o modelo hedônico de aluguel residencial, que considera também fatores independentes das características do imóvel, como vizinhança, indicadores de crime, poluição, serviços urbanos, condições contratuais, entre outros, em áreas metropolitanas no Brasil, cruzando-o com estatísticas sobre crime e violência e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009, ambos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segurança cidadã
O BID tem investido recursos massivos para identificar o verdadeiro impacto do crime e da violência sobre o desenvolvimento dos países da América Latina e do Caribe. Além dos custos econômicos diretos, é importante identificar os custos indiretos, que são também muito relevantes para o planejamento estratégico de medidas de prevenção e correção.
Este estudo fez parte de um concurso para que os países da região apresentassem suas ideias sobre como elaborar políticas de gestão pública que diminuíssem ou corrigissem o custo econômico da violência e do crime. O Banco considera que o conhecimento é o primeiro passo para realizar políticas efetivas para combater o crime e a violência.