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Prover habitação para a maioria na América Latina exige soluções criativas

Tomemos o caso de um motorista de táxi no México que solicita um empréstimo hipotecário.

“Um taxista reluta em declarar qual a sua renda por causa dos impostos, e não tem recibos para mostrar ganha por dia”, explica Mark  D. Zaltzman, diretor financeiro da Hipotecaria Su Casita, instituição financeira mexicana que se especializa em financiar habitação de baixa renda. “A única forma de determinar a renda do taxista é acompanhá-lo no táxi o dia inteiro, e é precisamente o que fará um examinador. Antes de conceder um empréstimo, é preciso dispor de informação adequada.”

Zaltzman afirma que as cobranças de sua organização – uma das maiores fontes de financiamento hipotecário no México e cujos ativos continuam crescendo – são feitas mediante visitas domiciliares periódicas. Embora as famílias de baixa renda em geral tenham um bom histórico de pagamento, um acontecimento traumático, como um gasto médico inesperado, pode gerar circunstâncias atenuantes.

“Quando se trata de pagar medicamentos ou uma hipoteca, já se sabe o que vai ser pago primeiro”, diz Zaltzman. “Se um banco hipotecário que presta serviço a famílias de baixa renda se mostra excessivamente agressivo na cobrança, pode chegar a perder a receita proveniente do empréstimo. Convém, portanto, adotar uma abordagem equilibrada”, explicou.

Zaltzman foi um dos três membros do painel apresentado durante a conferência do BID Construir oportunidades para a maioria  que tratou do tema da oferta de soluções de moradia para famílias de baixa renda.

Participaram também do painel, moderado pelo jornalista Eduardo Kaplan da Dow Jones, Juan Pedro Pinochet Becerra, gerente geral da organização não-governamental chilena Un Techo para mi País, e Eloísa Ulibarri, diretora executiva da ONG costa-riquenha Fundación Promotora de Vivienda (FUPROVI). Ambos enfatizaram a necessidade de que os beneficiários participem e se sintam capazes de criar oportunidades de melhorar a habitação popular, tais como campanhas para fornecer registro de títulos a ocupantes ilegais e microempréstimos que lhes permitam melhorar gradualmente suas casas.

Tanto Pinochet Becerra como Ulibarri indicaram a importância de oferecer capacitação, assistência técnica e crédito às famílias pobres para que possam informar-se sobre as oportunidades que existem de financiar melhorias em suas casas, como subsídios governamentais e fontes de financiamento de associações público-privadas. Ulibarri comentou sobre a necessidade de modernizar as leis e regulamentos para incentivar o investimento destinado ao melhoramento das casas de baixo custo.

Pinochet Becerra mencionou a relevância de equipar as povoações de baixa renda com centros de reunião que permitam aos residentes trocar informações e assumir liderança na melhoria de suas comunidades. “A chave para erradicar a pobreza está em manter a rede social”, afirmou. Disse ainda que para solucionar os problemas de moradia das pessoas de baixa renda as comunidades que abrigam ocupantes ilegais deveriam investir em educação e saúde com o objetivo de que os residentes passem a desfrutar de um melhor nível de vida.

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