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Os riscos da integração parcial

Ao mesmo tempo em que praticamente todos os governos da América Latina e do Caribe demonstraram aprovar em termos a criação de uma área de livre comércio no hemisfério, persiste o debate sobre os benefícios a curto prazo que um acordo desse tipo teria para cada país. Em alguns países, os políticos argumentam que blocos regionais de comércio como o Mercosul ou mesmo uma série de sólidos acordos bilaterais seriam preferíveis a um pacto hemisférico, pelo menos a curto prazo. Mas a maioria dos economistas concorda em que o status quo - diversas áreas regionais de comércio, entrecruzadas por dezenas de acordos bilaterais únicos - está muito aquém do seria necessário para colher os verdadeiros benefícios da liberalização comercial.

Para ajudar a esclarecer o debate, diversos economistas apoiados pelo BID produziram recentemente um modelo que calcula os custos e benefícios, em termos de previsão do crescimento do PIB, de 20 possíveis cenários de integração para as economias da região.

Os resultados do modelo, apresentado em relatório intitulado "Convergence and Divergence between NAFTA, Chile e Mercosur: Overcoming Dilemmas of North and South Economic Integration", confirma o que os especialistas em integração há muito acreditam. De todos os cenários de integração possíveis, o que ofereceria mais benefícios a todos os participantes seria um acordo hemisférico uniforme de livre comércio.

Mas, se não se conseguir fechar um acordo, a "segunda melhor" alternativa de integração para os países individualmente varia grandemente e tende a entrar em conflito com a segunda melhor opção dos países vizinhos. A segunda melhor opção para os membros do Mercosul Argentina e Brasil, por exemplo, seria o acesso exclusivo ao NAFTA, opção à qual se oporiam sem dúvida os outros membros do Mercosul.

Conseqüentemente, os autores do relatório advertem que, se a região não chegar a um acordo de comércio hemisférico, "cada país será deixado por sua conta num ambiente altamente competitivo, em que há muito em jogo, e que tenderá a concentrar-se em ganhos de curto prazo mais limitados e conflitantes".

O desafio, acreditam os autores, é melhorar a credibilidade do processo de negociação do pacto hemisférico, a fim de que os políticos tenham uma garantia razoável de que se chegará a um acordo e que os benefícios serão concretos e justos. Só assim os governos estarão dispostos a assumir os consideráveis custos políticos e sociais de curto prazo representados pela participação numa zona hemisférica de livre comércio.

 

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