A Comissão da Assembléia de Governadores do BID definiu um novo rumo histórico para o Banco em novembro com a aprovação de procedimentos pelos quais o Banco se associará com outras instituições multilaterais para neutralizar os efeitos negativos da especulação monetária em nível mundial e a volatilidade dos fluxos financeiros.
O programa de assistência, que foi depois aprovado pela Assembléia de Governadores, visa apoiar os países que já colocaram em prática reformas econômicas e sociais efetivas, mas que não obstante estão sofrendo com o contágio de choques financeiros originados fora da região.
Para enfrentar o desafio, a comissão, em uma reunião especial de 12-13 de novembro em Washington, D.C., recomendou que a assembléia autorizasse o Banco a aumentar os seus empréstimos em até US$9 bilhões pelo período de um ano além dos níveis normais, que nos últimos anos se situaram entre US$6 e US$7 milhões.
O empréstimo emergencial capacitará o Banco a se associar com o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial no fornecimento de ajuda financeira a países cujo equilíbrio fiscal esteja ameaçado pela recente crise financeira asiática e pela inadimplência da dívida russa. Esses eventos induziram os investidores a retirar recursos de todos os mercados emergentes, muitas vezes sem levar em consideração o perfil econômico e político de países específicos.
A volatilidade resultante nos mercados financeiros ameaça destruir uma década de reformas na América Latina e no Caribe. Essas reformas, que têm sido realizadas à custa de grandes sacrifícios, começaram agora a mostrar resultados muito favoráveis.
Com o propósito de apoiar os esforços dos governos na manutenção da estabilidade e dar continuidade aos programas de reforma durante a crise, o Banco fez empréstimos emergenciais de até US$3,4 bilhões ao Brasil, US$2,5 bilhões à Argentina e US$1,25 bilhão à Colômbia.
O Brasil já recebeu um empréstimo de US$1,1 bilhão do BID para apoiar a microempresa e os pequenos negócios. Esse financiamento será incluído em um pacote do BID para esse país que poderá chegar a US$4,5 bilhões. Os fundos do BID fazem parte de um pacote de US$41,5 bilhões para o Brasil, para o qual o FMI contribuirá com US$18 bilhões, o BID e o Banco Mundial com US$5,5 bilhões cada e as principais nações industrializadas com US$14,5 bilhões.
"O progresso que o Brasil fez com o Plano Real é histórico", disse o Presidente do BID Enrique V. Iglesias sobre o financiamento oferecido a esse país. "Estamos comprometidos em continuar os nossos esforços em uma frente ampla para apoiar o governo em seu esforço de assegurar que os ganhos obtidos pelos pobres sejam sustentados e ampliados nos próximos anos e que o processo de estabilidade e desenvolvimento possa ser retomado com dinamismo o quanto antes."
O propósito primário do financiamento emergencial é dar apoio a programas desenhados para ajudar os pobres e capacitar os países a continuar as suas reformas estruturais. O desenho dos novos projetos prevê desembolso rápido para ajudar os países beneficiários a fortalecer suas reservas monetárias. O empréstimo emergencial de US$2,5 bilhões para a Argentina, por exemplo, foi aprovado pela Assembléia de Governadores em 16 de dezembro e assinado por funcionários do governo argentino e do Banco em 21 de dezembro. Em 22 de dezembro, foi desembolsado o primeiro US$1 bilhão do empréstimo.
As taxas de juros, as condições e os encargos dos novos empréstimos (a ser estabelecidos pela Diretoria Executiva) serão mais rigorosos do que os dos empréstimos normais do Banco. Essas condições, segundoa Comissão da Assembléia de Governadores, manterão "os indicadores básicos que asseguram a solidez financeira do Banco".