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País precisará aprimorar sistema de proteção social, recuperar equilíbrio fiscal e promover aumento da produtividade para superar impactos econômicos da pandemia
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Documento destaca importância de auxílios emergenciais e alerta para os riscos de agravar déficit fiscal e ineficiências estruturais caso a extensão dos benefícios não seja bem dosada
Enquanto a COVID-19 ainda representa desafios mundiais, em especial para governos e cidadãos do Brasil e dos países vizinhos, é preciso já iniciar o planejamento das próximas etapas da economia e do convívio social.
Auxílios emergenciais, cruciais para atravessar os piores momentos da pandemia, precisarão ser revistos e associados, por exemplo, a medidas que qualifiquem a mão-de- obra e o tecido produtivo para as novas configurações sociais e econômicas – são algumas das recomendações do capítulo dedicado ao Brasil na publicação América Latina e Caribe Pós-COVID-19: Desafios e Oportunidades, lançada nesta quinta pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O relatório, que avalia o contexto de cada um dos países do Cone Sul, destaca a importância dos benefícios destinados a populações mais vulneráveis e a pequenas e médias empresas no Brasil, mas alerta para a importância de que esses auxílios não sejam a base para a recuperação econômica.
Em vez disso, diz o documento, é preciso investir em ações de maior fôlego e que garantam a sustentabilidade da retomada de empregos e produtividade. E, como exemplo dessas iniciativas, cita as reformas econômicas que estavam em curso no país antes da pandemia, os investimentos em infraestrutura e a capacitação dos trabalhadores para que o Brasil supere as lacunas de eficiência que há tanto freiam nosso crescimento econômico.
“O Brasil, corretamente, pausou a agenda de reformas para direcionar esforços para a emergência sanitária. Mas será preciso, no médio prazo, voltar a encaminhar medidas que melhorem os processos tributários e facilitem a vida de empreendedores e cidadãos para que a retomada econômica se dê com a maior velocidade possível”, afirma Alexandre Meira da Rosa, Vice-Presidente de Países do BID.
Promoção de investimentos
Outro desafio não apenas para a economia brasileira, mas particularmente relevante para países em desenvolvimento, será a promoção de investimento privado, uma vez que a situação fiscal dos governos será mais frágil depois da crise. Nesse contexto, o documento também destaca a relevância de:
- Estabilizar a dívida pública no médio prazo, oferecendo um cenário favorável à atração de investimentos;
- Corrigir problemas como o excesso de rigidez orçamentária para que os investimentos públicos ganhem em eficiência e agilidade;
- Avançar rumo à digitalização de serviços públicos e privados e apoiar setores de inovação;
- Resolver excesso de burocracia, regulação ineficiente e barreiras que diminuem a competitividade brasileira no cenário internacional.
Desafios sociais
Além das questões fiscais e sanitárias, a publicação também aborda as oportunidades de melhoria do sistema de proteção social brasileiro, destacando os esforços do governo ao implementar medidas contundentes e apontando lições que podem ser aprendidas dessa experiência.
Por exemplo, a base de dados proporcionada pelos cadastros feitos nos pedidos de auxílio emergencial pode servir agora de ponto de partida para o Estado brasileiro melhorar a granularidade do conhecimento sobre potenciais beneficiários não só de programas de transferência de renda, mas também para incentivar a recolocação e a requalificação daqueles cujas funções foram afetadas pela pandemia.
Sobre o BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento tem como missão melhorar vidas. Criado em 1959, o BID é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e o Caribe. O BID também realiza projetos de pesquisas de vanguarda e oferece assessoria sobre políticas, assistência técnica e capacitação a clientes públicos e privados em toda a região.
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