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Motivo para sorrisos na cidade azul do Equador

Quando José Antonio Lanusse chegou a Pelileo, cidade de 12.000 habitantes na região montanhosa da Sierra no Equador central, praticamente ninguém no local conhecia uma casa de botão bem caseada.

O que não deixa de ser uma inconveniência em qualquer local, era um entrave sério para Pelileo, uma vez que a sua principal atividade econômica é a confecção de roupas em brim. De fato, a cidade está tão identificada com a indústria do jeans que é conhecida como "la ciudad azul", devido aos milhares de calças que secam nos telhados.

Na época, a maioria das lojas menores e das pequenas confecções fazia as casas para os botões abrindo pequenas incisões nas calças, uma técnica rudimentar que condenava os seus produtos a uma vida curta antes de começar a desfiar. Somente um fabricante de porte médio possuía uma máquina de casear, mas não mostrava a menor disposição de ajudar os concorrentes e não fazia casas para outras firmas. (Um vigia desleal da fábrica usava às escondidas a cobiçada máquina para prestar serviço para outros fabricantes, mas os seus preços eram altos demais para a maioria dos clientes.)

A dor de cabeça dos fabricantes de jeans de Peliolo foi a oportunidade de ouro de Lanusse, advogado argentino que dirige o Insotec, uma organização não-governamental que fornece serviços de desenvolvimento empresarial para pequenas e microempresas no Equador. O seu plano era introduzir a tão necessária tecnologia na indústria têxtil de Pelileo.

Em 1994, o Insotec usou recursos de um empréstimo em condições favoráveis do BID para comprar uma máquina de casear e a instalou no andar térreo do seu centro de serviços em Pelileo. Começou cobrando dos fabricantes 10 centavos por casa e divulgou a informação sobre o custo real e a fonte de sua tecnologia.

Hoje, existe mais de uma dezena dessas máquinas na cidade. O custo da casa de botão caiu, a qualidade da roupa melhorou e os preços dos produtos de Pelileo subiram.

Percebendo cedo que o negócio de botoeiras não permaneceria rentável por muito tempo, o Insotec mudou para novas atividades, como trabalhos em bordado e a aquisição por atacado de matéria-prima, e planeja fazer incursões em novas áreas. Também organizou missões comerciais em cidades da vizinha Colômbia, para que os fabricantes locais tomassem conhecimento das modernas técnicas de administração de empresas.

Criado em 1980 como um instituto de pesquisa econômica e social, o Insotec foi aos poucos se concentrando em sua missão e estabelecendo para si metas realizáveis e mensuráveis. Lara Goldmark, especialista em microcrédito do BID, atribui o sucesso da transformação do Insotec à sua ênfase no desenvolvimento de recursos humanos, no excelente sistema de informações gerenciais e na estratégia de desenvolvimento de produtos com base no mercado, considerando todos os serviços e escritórios como centros de lucro.

Em sua opinião, "o Insotec torna clara a idéia de que os serviços de desenvolvimento empresarial para as pequenas empresas podem ter fins lucrativos e ser auto-sustentáveis".

O próprio Lanusse atribui o sucesso do Infotec à disciplina que lhe foi imposta pelas instituições que o apóiam, como o BID e a USAID, que insistiram em que os beneficiários fossem faturados pelos serviços. E explica: "Descobrimos os serviços que os microempresários realmente desejam vendo o que estão dispostos a pagar."

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