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Laptops para a maioria

Qual é a melhor maneira de passar populações inteiras da pobreza para a classe média? Comprando para todas e cada uma das crianças de uma comunidade um computador portátil de US$100, disse o professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Nicholas Negroponte, durante uma conferência realizada recentemente para lançar a nova iniciativa do BID “Construir oportunidades para a maioria”. Negroponte é também fundador e presidente da organização One Laptop per Child-OLPC (Um Laptop por Criança), instituição sem fins lucrativos que se ocupa em produzir esses computadores portáteis de US$100 para crianças de baixa renda de todo o mundo. 

“Não me refiro às máquinas imensas e carregadas de dispositivos que vemos ao nosso redor”, explicou Negroponte. “Estas são máquinas pequenas, ativadas com a mão ou o pé, que dispõem de uma manivela para que possam ser usadas por pessoas que vivem em povoações sem eletricidade.”

De fato, esses laptops são muito diferentes dos que os que estão no mercado hoje. Além da manivela chamativa, funcionam à base do sistema operativo Linux, com um mostrador duplo, um em cores e o segundo monocromático, mas que podem ser lidos com luz do sol. Em lugar de um disco rígido, dispõem de três portas USB, assim como um processador de 500MHz e 128MB de DRAM (memoria dinâmica de acesso aleatório), com 500MB de memória flash. É muito importante mencionar que, além disso, contam com banda larga sem fio que lhes permite funcionar como uma rede de malha, de forma que as crianças com um laptop podem falar com seus vizinhos mais próximos, criando uma rede local especial.

As escolas de vários povoados do Camboja – alguns deles tão remotos que nem sequer contam com uma estrada de acesso, isso sem falar em eletricidade ou água corrente – estão trabalhando com Negroponte, que as ajudou a obter financiamento para adquirir uma antena parabólica e laptops para os alunos. “A primeira palavra que eesas crianças aprendem em inglês é ‘Google’”, contou ele. “E os pais também adoram os computadores, porque, além da esporádica lamparina de querosene, são a única fonte de luz na casa à noite.” 

Negroponte se apressa em esclarecer que a OLPC está trabalhando para melhorar o ensino nas áreas pobres do mundo. “Este é um projeto educacional, não um projeto de laptops”, disse. “Não estamos comercializando laptops de US$100.” Ele aponta para a riqueza de informações disponíveis na Internet, que as crianças sem acesso a bibliotecas e a computadores não poderiam aproveitar.

A OLPC já fez acordos com os chefes de Estado da Argentina e do Brasil, entre vários outras nações, para lançar seu projeto nesses países no primeiro semestre de 2007, indicou Negroponte. Ele está atualmente em conversações com o BID acerca de financiamento para um projeto semelhante que poderia ser levado a cabo em toda a região da América Central.

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