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Inovação tecnológica é crucial para a competitividade na América Latina

BELO HORIZONTE, Brasil - A inovação tecnológica é chave para que a América Latina possa competir em uma economia moderna, aumente sua produção e responda às demandas do mercado global, concluíram os participantes de um seminário sobre ciência e tecnologia.

Dessa forma, destacaram que, a não ser no caso de algumas exceções, os países da região investem apenas uma pequena parte de seu produto interno bruto em ciência e tecnologia, em comparação com países industrializados e economias emergentes tais como China, Índia e Tailândia.

O encontro, que abiu a série de seminários que se realiza paralelamente à 47ª Assembléia Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento, reuniu formuladores de políticas e especialistas da América Latina e do Caribe, bem como de outras regiões, com o objetivo de recomendar meios para incrementar o desenvolvimento e o uso de novas tecnologias.

“O desenvolvimento da capacidade tecnológica na região não está correspondendo à magnitude do desafio”, declarou o Presidente do BID,  Luis Alberto Moreno, em sua fala de encerramento. Acrescentou que, com exceção de alguns países como o Brasil e o Chile, a parcela do produto interno nacional bruto da região investida em pesquisa e desenvolvimento caiu ou estancou nos últimos anos. 

Moreno também destacou o papel-chave da tecnologia da informação como base para os aumentos de produtividade obtidos pelos países industrializados. “As novas redes de comunicação desempenham um papel transformador em todos os setores da sociedade”, disse Moreno, ao comprometer o apoio do Banco para fortalecer a capacidade da região nessa área.   

“Para enfrentar essa situação e assumir uma posição mais competitiva no mundo, os países da América Latina e do Caribe devem criar ou fortalecer sistemas nacionais de inovação, como parte integrante de seus planos nacionais de desenvolvimento econômico e social”, acrescentou Moreno, que também postulou a integração de empresas produtivas a sistemas que gerem e apliquem conhecimento tecnológico, criando “clusters” para impulsionar a inovação no setor privado.  Os objetivos dessa integração são fomentar a transferência e a adoção de novas tecnologias, criar capital de risco, particularmente para pequenas e médias empresas, e atrair investimento estrangeiro.    

Na abertura da reunião, o José Carlos Miranda, destacou a importância dos “clusters” para o desenvolvimento local de sociedades da informação, e a contribuição da inovação para  o desenvolvimento produtivo. Miranda observou que o Brasil vem utilizando, com sucesso, a inovação tecnológica e orientando estrategicamente o financiamento, para que o país se torne um dos maiores produtores agrícolas do mundo.  

Em sua apresentação, Carlos Alvarez, vice-presidente executivo da agência de desenvolvimento econômico do Chile – CORFO -, enfatizou o sucesso de seu país na integração de redes de pequenas empresas com grandes firmas exportadoras. O sucesso do Chile em se tornar um dos dois maiores exportadores de salmão do mundo se deve, em grande parte, ao sucesso dessa integração vertical.   

Alvarez também mencionou os esforços da CORFO para criar “clusters” - ou grupos de empresas – tanto grandes como pequenas, principalmente na agricultura, mas também nos setores manufatureiro e de serviços, destacando a importância de se criar capital social como fator determinante do sucesso desses grupos. De fato, acrescentou, a falta de um nível adequado de mão-de-obra qualificada em alguns setores tem produzido fracos resultados no uso de subsídios para incentivar a criação de laboratórios e sistemas de controle de qualidade.

Luiz Carlos Barboza, diretor-técnico do Serviço de Apoio a Pequenas e Médias Empresas - SEBRAE – observou a importância da inovação tecnológica na redução das desigualdades econômicas e sociais entre as diferentes regiões do país. A capacitação é uma parte importante do trabalho do SEBRAE com os 800 grupos de empresas que a instituição apóia em todo o Brasil.

Outras apresentações estiveram a cargo de Lee Jae-hong, Diretor-geral do Ministério de Informação e Comunicação da República da Coréia, João Carlos Ferraz, Chefe da Divisão de Produção, Produtividade e Gestão da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, e Alberto Briozzo, Coordenador-geral do Fórum da Competitividade da Argentina.

O Presidente do BID afirmou que a capacitação de recursos humanos é “condição fundamental” para uma economia regional dinâmica e inovadora, e pediu que investimentos estratégicos sejam feitos na educação avançada, para a produção de cientistas, engenheiros e outros especialistas.   Luis Alberto Moreno observou que a especialização técnica atualmente está concentrada no setor público e nas universidades e não no setor privado. Nos países industrializados a situação é inversa.

Desde sua criação, o BID já investiu US$ 3,1 bilhões no desenvolvimento de ciência e tecnologia, educação superior e pesquisa agrícola. No momento, o Banco está incrementando seu apoio ao setor, com a criação de um Subdepartamento de Educação e Ciência e Tecnologia. Além disso, seu mais novo membro, a República da Coréia, instituiu um fundo de US$ 25 milhões para financiar avaliações de políticas e promover a implementação de boas práticas.   

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