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Iglesias do BID: Otimismo cauteloso quanto à recuperação econômica da América Latina e do Caribe

 

MILÃO, Itália – A América Latina está cautelosamente otimista em relação a sua recuperação econômica depois de sofrer alguns dos anos mais difíceis em décadas, disse o Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento Enrique V. Iglesias no encerramento da reunião anual da Assembléia de Governadores do BID no dia 26 de março deste ano.

Em seu discurso, Iglesias destacou como diversos países da região estão combinando gestão macroeconômica prudente com esforços para mitigar o impacto social de crises recentes.

“A principal mensagem desta reunião é que as coisas estão começando a melhorar. Há uma mensagem de otimismo cauteloso em relação ao futuro da região, desde que as condições internacionais não frustrem as perspectivas favoráveis”, disse ele.

Segundo estimativas do BID, se as atuais tensões internacionais não se agudizarem mais, a América Latina poderia crescer entre 1,5% e 2% este ano, em comparação com o declínio de 0,5% em 2002.

Embora esse nível de crescimento ainda seja insatisfatório para a região, Iglesias salientou como sinais positivos a melhoria na Argentina depois de uma recessão prolongada e a sólida gestão macroeconômica dos novos governos do Brasil e do Equador.

“Uma das mensagens importantes que saíram desta reunião de Milão é que os governos estão agindo com responsabilidade e que, face às complicações atuais, não estão cedendo a tentações populistas que poderiam nos levar a desvios que custariam caro a nossos países”, acrescentou.

Apesar das tendências positivas, Iglesias reconheceu a preocupação crescente na região em relação ao aumento da pobreza causado pelo crescimento econômico insuficiente. Governos e instituições, disse, terão de adotar uma perspectiva de longo prazo a fim de buscar soluções efetivas e duradouras para os problemas sociais da região.

Uma das debilidades da América Latina e do Caribe é sua baixa produtividade comparada com outras regiões. “É inaceitável ter níveis de produtividade que são um quarto daqueles dos países asiáticos e um terço dos das nações industrializadas”, disse Iglesias.

A região terá que lutar para encontrar uma forma de combinar seus esforços para estimular o crescimento com ações para resolver seus problemas sociais prementes. A redução da pobreza e o aumento da produtividade precisam estar no topo das prioridades, segundo ele.

Durante a reunião de Milão, os delegados da América Latina e do Caribe tiveram uma oportunidade para conhecer a experiência italiana de promoção de pequenas e médias empresas.

Seminários organizados pelo BID com apoio do governo italiano e inúmeras instituições públicas e privadas da Lombardia e de Milão deram oportunidade aos participantes de conhecer os dinâmicos distritos industriais da Itália, a aplicação de tecnologias da informação e de comunicações para aumentar a transparência e eficiência governamentais e a compensação das disparidades regionais de desenvolvimento.

Outros seminários examinaram como os países podem executar políticas de emprego eficazes durante tempos de restrição fiscal e como medidas de inclusão social podem ajudar grupos marginalizados a sair da pobreza.

Ao resumir os principais temas levantados pelos representantes dos 46 países do BID, Iglesias ressaltou o interesse demonstrado por diversos governadores em ver o BID desempenhar um papel de caráter anticíclico, fornecendo aos mutuários acesso a recursos financeiros no momento em que outras portas se fecham a eles.

Iglesias acentuou que o BID tem sido há quase dez anos a principal fonte de empréstimos multilaterais de desenvolvimento para a América Latina e o Caribe. Embora em 2002 o total de financiamento aprovado (US$4,55 bilhões) tenha sido mais baixo do que em anos recentes, em 2003 poderia subir até quase US$10 bilhões, acrescentou ele.

Quanto à flexibilidade, o BID está constantemente se adaptando para melhor atender às mudanças das necessidades dos países mutuários. Iglesias mencionou a reabertura da linha de empréstimos de emergência, o recente lançamento de um programa de financiamento para comércio exterior, a renovação de um programa de garantias financeiras e a diversificação de instrumentos para expandir o acesso do setor privado a crédito, especialmente para microempresas e pequenos negócios.

Iglesias também garantiu aos governadores que o BID continuará a defender firmemente sua posição financeira sólida a fim de manter as melhores avaliações de crédito, o que torna possível ao Banco obter recursos de empréstimo em termos favoráveis.

 

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