Na última década, a rede da economia mundial tornou-se cada vez mais compacta, mas a defasagem salarial entre trabalhadores altamente especializados e com baixa especialização aumentou. Parece natural concluir que existe uma relação entre as duas tendências.
Não é o que diz um novo estudo apresentado na sede do BID em Washington, intitulado “The Effect of Globalization on Wages in the Advanced Economies”, de autoria de Matthew J. Slaughter e Philip Swagel, economistas do Fundo Monetário Internacional. O estudo concluiu que o efeito da globalização sobre os salários é apenas modesto. O principal responsável é a tecnologia, que levou a uma alteração geral na demanda de mão-de-obra especializada.
No estudo, que abrangeu as economias avançadas, os autores concluem que “o consenso da pesquisa empírica sugere que o incremento do comércio explica apenas 10% a 20% das mudanças nos salários e na distribuição da renda”.
O estudo indica que nos anos 80 e 90 a tecnologia levou a uma mudança na demanda de mão-de-obra na direção dos trabalhadores mais especializados em oposição aos menos especializados. “Esta mudança resultou em maiores desigualdades salariais em certos países e, em outros, em relativa redução do emprego entre trabalhadores não especializados”, conclui o estudo.
Os autores também concluem que o aumento da mobilidade do capital, incluída a transferência da produção para países de baixos salários, juntamente com os fluxos migratórios de países em desenvolvimento para economias avançadas, parece ter exercido um efeito apenas modesto sobre os mercados de trabalho. Não obstante, afirmam que a globalização adicional poderia contribuir para gerar maior insegurança no emprego: “Os formuladores de políticas devem levar em conta o potencial de deslocamentos sociais resultantes dessas mudanças e evitar que os deslocados se marginalizem”.
As ações de política, observam os autores, não devem impedir o ajustamento, e sim oferecer incentivos para que trabalhadores e empresas se ajustem e ganhem com as mudanças no ambiente econômico mundial.