- Primeiro Fórum de Investimentos Colômbia-Brasil contou com a presença de 600 empresários e autoridades
- Participantes analisaram oportunidades em energia, finanças e transporte, entre outros setores
BOGOTÁ - Colômbia e Brasil poderiam acabar com a brecha da integração se melhorassem a logística de transporte, entre outras iniciativas, disse o Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, no marco do Primeiro Fórum de Investimentos Colômbia-Brasil, realizado hoje.
O Fórum, organizado pelo BID juntamente com a Presidência da República da Colômbia e a agência de promoção comercial da Colômbia, Proexport, contou com a participação do Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Fórum buscou destacar o enorme potencial que pode ser atingido a partir de uma maior integração das duas economias mais populosas da América do Sul, e contou com a presença de mais de 500 empresários e autoridades dos dois países.
Ao inauguar o evento, o Presidente Santos destacou a importância do investimento estrangeiro para a Colômbia. “Nosso objetivo é ter um país mais equitativo e com menos pobreza”, disse.
“Colômbia é um país que quer o Brasil”, acrescentou. “Busquemos aqui investimentos que possam ser traduzidos em redução da pobreza, geração de emprego formal e renda”.
O ex-Presidente Lula disse que a iniciativa foi a “mais relevante realizada entre Brasil e Colômbia”.
“Chegou a hora de pensarmos em nós mesmos”, disse Lula, “que tratemos de promover a integração sul-sul, buscando não apenas a compra e venda de empresas, mas pensemos também em modelos que gerem além de negócios inovadores, renda e emprego, principalmente para os pobres”.
Se Colômbia e Brasil mantivessem seus atuais níveis de crescimento, em 20 anos poderiam compartilhar um mercado de 180 milhões de pessoas da classe média, com um perfil social e educativo muito similar e com um poder aquisitivo duas vezes maior que o atual. Isto representa uma extraordinária oportunidade de negócios para empresas em setores como habitação, alimentos, serviços, saúde, educação e transporte.
“Aqui se começa a vislumbrar uma agenda de integração regional mais profunda e mais inclusiva, que vai além do comércio, e que tem uma dinâmica que produzirá benefícios em ambos os lados da fronteira”, disse Moreno.
“Podemos começar duplicando o comércio bilateral em cinco anos”, acrescentou, “para a qual se requer ações de política pública e fundamentalmente o compromisso firme do setor privado”.
“Isto diminuiria significativamente a brecha de integração que existe atualmente entre os dois países”, acrescentou.
Entre os expositores e moderadores do evento estavam a Ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e os governadores dos estados de São Paulo, Geraldo Alckmin; do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; do Ceará, Cid Gomes; e de Pernambuco, Eduardo Campos. Juntos, os governadores representam mais de 70 milhões de brasileiros e tiveram reuniões com representantes do setor público e privado colombiano.
Entre os empresários que fizeram exposições estavam Jorge Gerdau, fundador do Movimento Brasil Competitivo; Luis Sarmiento, da Organização Luis Carlos Sarmiento; André Esteves, do BTG Pactual; Marcelo Odebrecht, do Grupo Odebrecht; Germán Efromovich, da Avianca; José Sergio Gabrielli, da Petrobras; e Carlos Raúl Yepes do Grupo Bancolombia, entre outros destacados empresários.
O evento contou com paineis sobre oportunidades de comércio e investimento entre Brasil e Colômbia, infraestrutura de transporte e telecomunicações, agroindústria, mineração e energia, e serviços financeiros.
O valor da relação comercial entre Colômbia e Brasil se multiplicou por quatro desde 2004, chegando a US$ 3 bilhões em 2010.
O setor de Integração do BID lançou um estudo onde aponta que, apesar de seu recente dinamismo, em 2010 o comércio bilateral entre Brasil e Colômbia alcançou apenas 0,7% do comércio total dos dois países. A carência de infraestrutura física que conecte estes países é um importante fator que impede o maior intercâmbio bilateral.
De fato, para exportar da Colômbia ao Brasil, os empresários colombianos devem pagar custos de transportes equivalentes aos custo pagos para exportar ao Canadá, de acordo com o estudo. Da mesma forma os custos de transporte do Brasil para a Colômbia também são muito elevados.