Após três anos de estagnação, as exportações da América Latina e do Caribe contraíram-se no primeiro semestre de 2015 a uma taxa anualizada de 10,9%, de acordo com o novo relatório do BID
SAN JOSÉ, Costa Rica - As exportações de bens da América Latina e do Caribe diminuíram a uma taxa anualizada de 10,9% nos primeiros seis meses de 2015, em relação ao mesmo período de 2014, registrando a maior contração desde o colapso comercial de 2009, de acordo comoestudo divulgado hoje pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O Monitor de Comércio e Integração 2015 indica que a contração das exportações, que havia começado em meados de 2014, agravou-se no transcurso deste ano como resultado de uma queda substancial na demanda por parte da China e da redução acentuada dos preços das matérias-primas com cerca de 37,1% entre junho de 2014 e junho de 2015. Isto também reflete a contração a nível geral do comércio mundial.
"Estão esgotadas as condições favoráveis que impulsionaram as exportações da região na última década e, portanto, é fundamental acelerar a implementação de políticas de promoção do comércio, o aproveitamento de acordos comerciais e de promoção da produtividade", disse Paolo Giordano, Economista Principal do Setor de Integração e Comércio do BID e coordenador do relatório.
Em 2014, as exportações da região haviam registrado uma contração de 2,8% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre de 2015 houve uma deterioração adicional. Os países sul-americanos foram os mais afetados (-17,7%) devido à queda dos preços das matérias-primas e da contração do mercado regional de produtos manufaturados. Os países caribenhos (-14,9%) sofreram uma deterioração da conjuntura num contexto de vulnerabilidade econômica generalizada. O México (-2,2%) e a América Central (-3,4%) tiveram uma mudança com tendência negativa em relação ao ano anterior, apesar da maior diversificação das exportações.
Enquanto isso, as exportações de serviços sofreram uma desaceleração significativa, crescendo apenas 1,8% em comparação com os 4,7% do ano anterior.
O relatório analisa a situação regional e destaca a urgência de promover políticas públicas focadas na promoção da diversificação comercial, em um contexto caracterizado pelo aumento da volatilidade das moedas e as perspectivas de encarecimento das condições de acesso ao financiamento internacional.
O Monitor de Comércio e Integração 2015 foi divulgado em um seminário realizado na capital da Costa Rica, patrocinado pelo BID e pelo Instituto Centroamericano de Administración de Empresas (INCAE). O relatório compila as estatísticas mais recentes, analisa o desempenho do comércio na região e inclui um capítulo sobre a evolução da diversificação das exportações ao longo da última década. A análise está baseada nos indicadores INTrade (www.INTradeBID.org), o sistema de informação sobre comércio e integração desenvolvido pelo BID.
De acordo com o Monitor, a redução do crescimento dos países em desenvolvimento, tanto fora como dentro da região, ainda não foi compensada pelo dinamismo incipiente da economia dos EUA e a recuperação desigual dos países europeus. Além disso, a revalorização sustentada do dólar e a fraca demanda global explicam a depressão dos preços dos produtos básicos que afetam os exportadores regionais.
Sobre o BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento tem como missão melhorar vidas. Criado em 1959, o BID é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e o Caribe. O BID também realiza projetos de pesquisas de vanguarda e oferece assessoria sobre políticas, assistência técnica e capacitação a clientes públicos e privados em toda a região.