Para ter uma idéia de como vão as coisas no Haiti, é interessante ir além da capital.
Porto Príncipe — com seu tráfego, poluição, falta de água e forças de paz da ONU — é obviamente uma parte importante do quadro. Mas o ritmo de vida frenético da cidade, combinado com as opiniões complexas e contraditórias de seus habitantes, pode dificultar a tentativa de compreender a realidade mais ampla do país.
As coisas são mais calmas nas pequenas cidades e aldeias do interior do Haiti, onde ainda vive a maioria dos 8 milhões de pessoas do país. Aqui, a onipresente pobreza é aliviada pela persistência de tradições e vínculos comunitários que possibilitam às pessoas enfrentar problemas aparentemente insolúveis e, às vezes, conseguir melhoras graduais.
Esse foi o caso de dois projetos. Em Côteaux, uma comunidade rural na costa meridional do Haiti, os pais juntaram seus parcos recursos e ofereceram seu trabalho voluntário para começar a construir uma escola que era um projeto há mais de 70 anos. Em Les Irois, uma cidadezinha isolada no extremo oeste do Haiti, um padre trabalhou junto com líderes locais num programa governamental financiado pelo BID para providenciar a construção de um sistema de distribuição de água extremamente necessário.
Ambos os projetos custaram menos de US$80.000, e ambos tiveram um impacto enorme sobre a qualidade de vida de vários milhares de pessoas.
Esses projetos foram financiados graças à reativação da carteira de projetos do BID para o Haiti em 2003. Desde então, o Banco desembolsou um total de US$80 milhões para projetos envolvendo estradas, água, agricultura, educação, saúde, infra-estrutura básica e desenvolvimento das comunidades locais. Única instituição multilateral que permaneceu no Haiti durante as recentes crises políticas e financeiras, o BID está numa posição privilegiada para trabalhar com o governo no intuito de acelerar desembolsos adicionais nos próximos anos.
Com esse fim, a Diretoria Executiva do Banco anunciou no mês passado a aprovação de uma Estratégia de Transição para o Haiti, para o período 2005–2006. Essa estratégia representa a resposta de curto prazo do BID à solicitação de apoio feita pelo governo interino do Haiti ao seu programa de reconciliação e reconstrução nacional. A estratégia apóia os esforços do Haiti para aliviar as urgentes necessidades sociais, estabilizar a economia, construir uma base para o crescimento voltado aos pobres e preparar o caminho para um novo governo eleito em 2006 e para depois da transição.
A estratégia orientará a implementação de um programa de operações planejadas de US$270 milhões. Essas incluem empréstimos baseados em reformas de políticas públicas e voltados para investimentos, e concessões de assistência técnica para apoiar a execução dos projetos e fortalecer o setor público do Haiti. Além de financiar investimentos nas principais estradas, portos e aeroportos, a estratégia apoiará iniciativas para revitalizar a agricultura pela promoção do desenvolvimento de cadeias de produção rural capazes de gerar empregos agrícolas e não-agrícolas.
Veja as próximas edições da BIDAmérica para informações sobre outros projetos no Haiti.