O custo de reconstruir as casas, escolas, estradas e outras obras de infraestrutura no Haiti pode chegar perto de US$ 14 bilhões, de acordo com um novo estudo de economistas do Banco Interamericano de Desenvolvimento. O estudo oferece uma estimativa preliminar dos danos potenciais resultantes do terremoto de 12 de janeiro, usando técnicas de regressão simples com dados de desastres naturais passados e seus danos estimados. São levadas em conta variáveis como a magnitude do desastre, o número de mortes e a população e PIB per capita do país afetado. Uma análise detalhada do custo de reconstrução será divulgada nos próximos meses quando uma Avaliação das Necessidades Pós-Desastre completa for concluída. Mas o novo estudo do BID indica que o custo provavelmente será maior do que o previsto. O estudo calcula os danos pressupondo 200.000 ou 250.000 pessoas mortas ou desaparecidas (até 11 de fevereiro, o governo haitiano havia informado 230.000 mortos). Os economistas do BID Andrew Powell, Eduardo Cavallo e Oscar Becerra chegaram a uma estimativa-base de US$ 8,1 bilhões para um número de 250.000 vítimas mortas ou desaparecidas, mas avaliam que esse número provavelmente será o ponto mínimo e concluem que uma estimativa de US$ 13,9 bilhões está dentro da margem de erro estatística. Embora os resultados estejam sujeitos a várias ressalvas, o estudo confirma que o terremoto haitiano provavelmente foi o desastre natural mais destrutivo dos tempos modernos, quando considerado em relação ao tamanho da população e à economia do Haiti. Nesse aspecto, de fato, o terremoto no Haiti foi imensamente mais devastador que eventos como o tsunami na Indonésia em 2004 e o ciclone que atingiu Mianmar em 2008, tendo causado cinco vezes mais mortes por milhão de habitantes do que o segundo colocado na escala de desastres naturais, o terremoto de 1972 na Nicarágua (ver quadro).
Powell, Cavallo e Becerra concluem que a magnitude dos danos no Haiti requererá uma coordenação sem precedentes entre os vários doadores bilaterais, multilaterais e privados. Para assegurar o uso eficiente de bilhões de dólares em fundos de reconstrução, por exemplo, doadores individuais podem ter de abrir mão do controle e condicionalidade que costumam exigir nos projetos que financiam. Isso, por sua vez, gera a necessidade de mecanismos especiais para garantir a transparência e a prestação de contas. Além disso, um estudo adicional de Cavallo e outros a ser ainda publicado indica que países atingidos por desastres dessa escala sofrem um revés econômico que pode levar décadas para ser revertido. Em vários desses países, os pesquisadores encontraram que, mesmo com grandes fluxos de auxílio externo, o PIB per capita 10 anos depois do desastre era até 30% mais baixo do que teria sido se o país não tivesse passado pela catástrofe.“Claro que isso não significa necessariamente que o auxílio não funciona. Talvez o efeito de crescimento negativo tivesse sido ainda pior se não houvesse o auxílio”, observa o estudo. “No entanto, esses dados destacam o desafio a ser enfrentado pelo Haiti e pela comunidade internacional que tenta ajudar o país.”
Powell, Cavallo e Becerra concluem que a magnitude dos danos no Haiti requererá uma coordenação sem precedentes entre os vários doadores bilaterais, multilaterais e privados. Para assegurar o uso eficiente de bilhões de dólares em fundos de reconstrução, por exemplo, doadores individuais podem ter de abrir mão do controle e condicionalidade que costumam exigir nos projetos que financiam. Isso, por sua vez, gera a necessidade de mecanismos especiais para garantir a transparência e a prestação de contas. Além disso, um estudo adicional de Cavallo e outros a ser ainda publicado indica que países atingidos por desastres dessa escala sofrem um revés econômico que pode levar décadas para ser revertido. Em vários desses países, os pesquisadores encontraram que, mesmo com grandes fluxos de auxílio externo, o PIB per capita 10 anos depois do desastre era até 30% mais baixo do que teria sido se o país não tivesse passado pela catástrofe.“Claro que isso não significa necessariamente que o auxílio não funciona. Talvez o efeito de crescimento negativo tivesse sido ainda pior se não houvesse o auxílio”, observa o estudo. “No entanto, esses dados destacam o desafio a ser enfrentado pelo Haiti e pela comunidade internacional que tenta ajudar o país.”