Fatores como excesso de velocidade e imprudência estão entre os principais causas de acidentes
Pesquisa realizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Fundação Dom Cabral revela que a maioria dos acidentes registrados em 25 mil quilômetros de estradas brasileiras, entre 2005 e 2009, está ligada a fatores comportamentais como excesso de velocidade, imprudência, manobras perigosas e falta de experiência na direção, entre outros.
Os dados, coletados junto à Polícia Rodoviária Federal, à Confederação Nacional do Transporte (CNT) e às concessionárias de rodovias, foram interpretados à luz de uma extensa bibliografia sobre a influência de aspectos comportamentais nas rodovias.
O estudo revela que as estradas em melhores condições podem até apresentar um volume significativo de acidentes, porém tratam-se de eventos de menor gravidade que, na maioria dos casos, não resultam em vítimas. “No entanto, quando as condições das estradas se deterioram, podemos afirmar que, mesmo com a diminuição das taxas de acidentes, motivada pelo maior cuidado do motorista diante de uma rodovia em más condições, as mortes acabam sendo mais frequentes”, explica Paulo Resende, coordenador do Núcleo CCR de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, e responsável pelo estudo.
Colisões, atropelamentos e capotagens têm diminuído de 2005 a 2009 nas rodovias brasileiras. As colisões perfaziam 41,55% do total de acidentes registrados em 2005, caindo para 37,45% em 2009; os atropelamentos baixaram de 5,04% para 3,74% no mesmo período; e as capotagens saíram de 7,75% em 2005 para 5,23% do total de acidentes em 2009.
Por outro lado, as batidas subiram consistentemente, saindo de 12,12% em 2005 para 22,34% do total de acidentes registrados em 2009. “Este aumento se deve ao maior volume de tráfego registrado ultimamente nas rodovias brasileiras, o que propicia esse tipo de colisão”, afirma Resende.
Perigo nos fins de semana
A relação entre a ocorrência de acidentes e os dias da semana, analisada na pesquisa, contribuiu para definir o comportamento humano como causa principal dos acidentes. “A concentração de ocorrências nos fins de semana é uma realidade e isso motivou nossa equipe a se debruçar sobre os dados de acidentes dos dez trechos com maior incidência na amostra analisada. É importante observar que todos esses trechos apresentam características urbanas e rurais, ou seja, existe uma perigosa transição entre o trecho urbano e o rural”, destaca Resende.
Segundo a pesquisa, os acidentes nesses trechos são mais frequentes nas primeiras horas da sexta-feira, sábado e domingo. “O comportamento perigoso do condutor, frequentemente encorajado por consumo de álcool e outras drogas, característico dos finais de semana, leva a um aumento nas taxas de acidentes assim como a um acréscimo nos acidentes com fatalidades neste período da semana”, avalia o especialista. Em 2009, 66% dos acidentes fatais causados por atropelamento ou colisão nesses trechos ocorreram no fim de semana.
A análise dos dados relacionados aos dez trechos rodoviários com maior número de acidentes evidencia a maior ocorrência de colisões e atropelamentos, o que está intimamente ligado ao comportamento humano e ao consequente desrespeito às leis de tráfego, ultrapassagens perigosas, cruzamento de pedestres em áreas proibidas, excesso de velocidade e imprudência. “Porém, é preciso ter em conta que elementos estruturais como passarelas, guardrails, faixas mais amplas e faixas para pedestres podem contribuir para a redução da ocorrência de acidentes nas rodovias”, conclui Resende.
Sobre o BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) é a principal fonte de financiamento multilateral e expertise para o desenvolvimento econômico, social e institucional sustentável na América Latina e Caribe. Além de empréstimos, o Banco oferece doações, assistência técnica e promove a realização de pesquisas.
Para o período 2011 e 2014 o Banco espera aprovar entre 80 e 100 novos empréstimos no Brasil, tanto para o setor público quanto privado, com um montante que deve oscilar entre US$ 10 e US$ 12 bilhões.
Sobre a Fundação Dom Cabral
A FDC é uma escola de negócios brasileira, que há 35 anos tem a missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade, por meio da educação, da capacitação e do desenvolvimento de executivos, empresários e gestores públicos. Circulam, anualmente, pelos seus programas abertos, fechados, de parcerias e de especialização cerca de 30 mil executivos de empresas de médio e grande porte.
Em 2011, a FDC foi classificada como a 5ª melhor escola de negócios do mundo, segundo o Ranking da Educação Executiva 2011 do jornal Financial Times, e conquistou, pelo segundo ano consecutivo, a primeira colocação no ranking das 20 melhores escolas de educação executiva da América Latina, realizado anualmente pela revista AmericaEconomia.