Os community colleges - instituições de ensino pós-secundário que oferecem um programa de duração mais curta do que o das universidades – vêm sendo proclamados como uma das maiores inovações educacionais do século 20. Hoje, nos Estados Unidos e na Europa, programas de duração de um e dois anos absorvem pelo menos metade dos formandos de segundo grau e têm tido um papel fundamental na democratização do ensino.
Os community colleges também atendem ao problema do desemprego de jovens e à demanda do mercado de trabalho por trabalhadores mais qualificados, dois desafios emergentes em diversos países da América Latina. Entretanto, a região está muito longe dos países industrializados no desenvolvimento de programas diversificados e de qualidade para a crescente população de estudantes que conclui o segundo grau, grupo que inclui muitas pessoas antes excluídas da educação superior. Além disso, raramente as universidades latino-americanas vêem suas missões como algo que não seja apenas oferecer uma ampla educação acadêmica.
Será que os community colleges americanos podem ser uma fonte de inspiração para os esforços latino-americanos em atingir sua nova clientela de estudantes?
Um livro recém-publicado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento – Community Colleges: A Model for Latin America? – explora o modo como essas instituições podem ajudar a responder às demandas de uma população estudantil heterogênea e em expansão na região. Os community colleges podem também ajudar a lidar com duas outras preocupações prementes na América Latina: a falta de opções alternativas de mobilidade social para pessoas que não podem freqüentar a universidade tradicional e a necessidade de adotar currículos que enfatizem conhecimentos e aptidões articulados com as necessidades do mercado de trabalho.
O livro sugere opções educacionais pós-secundárias para a América Latina ao discutir os problemas e obstáculos a partir da experiência americana em termos de financiamento, reconhecimento, prestígio, transferência e um quadro regulatório e de incentivo. Mas os editores Claudio de Moura Castro e Norma García advertem que, embora a experiência dos Estados Unidos com os community college demonstre que esse tipo de opção poderia beneficiar a América Latina, “a resposta mais apropriada não é a duplicação perfeita, mas a adaptação seletiva”.
A explosão da demanda por cursos de ensino superior independentemente de condições socioeconômicas na América Latina, junto com a inabilidade de resposta das instituições tradicionais de elite, colocam sérios desafios para os formuladores de política. Embora alguns programas de educação superior de curta duração tenham sido implementados na região, a maioria serve apenas a grupos menos afluentes e influentes politicamente, por isso freqüentemente eles são prejudicados na distribuição de verbas para o ensino. Educadores e ministérios acabam tendo que batalhar para identificar abordagens inovadoras que compreendam níveis de preço acessíveis e horários flexíveis, bem como ofertas de cursos relevantes e métodos de ensino que combinem as necessidades e capacidades dos estudantes com oportunidades – todas características do modelo do community college.
Como enfatizam Moura Castro e García, os community colleges preenchem um nicho de mercado muito distinto e estão voltados para uma clientela diferente daquela das universidades comuns. Eles fornecem qualificações que podem ser aplicadas imediatamente – e recompensadas – no trabalho.