Com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) se prepara para ser o primeiro banco público brasileiro a emitir Títulos Sustentáveis. Para isso, o BDMG acaba de publicar um framework inédito no mercado brasileiro -- um documento que enquadra projetos financiáveis do banco, totalizando R$ 500 milhões -- aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Com demanda em ascensão nos mercados doméstico e internacional, os Títulos Sustentáveis são papéis de dívida utilizados para financiar projetos com potencial de impacto positivo nas esferas ambiental, social, ou em ambas. O Brasil se destaca pelo espaço a ser explorado nesse segmento, e os bancos de desenvolvimento têm uma participação importante no desenvolvimento do mercado.
No caso do BDMG, a construção do framework baseado pelos ODS foi realizada com assessoria do Laboratório de Inovação Financeira (LAB) do BID e de uma consultoria externa, a Sitawi.
“O desenvolvimento deste framework abre caminhos para o BDMG emitir títulos sustentáveis com potencial para construir uma carteira de projetos socioambientais que ultrapassa meio bilhão de reais. Esse pioneirismo do BDMG pode se tornar uma tendência cada vez maior no setor de fomento brasileiro, fortalecendo e inovando as relações com os organismos multilaterais. Há um grande apetite do mercado de crédito internacional em relação ao financiamento da economia sustentável (ESG). O setor de energias limpas e renováveis, por exemplo, é particularmente estratégico para o processo de diversificação da matriz econômica de Minas Gerais”, afirma Sergio Gusmão Suchodolski, presidente do BDMG.
Neste processo, o BDMG também obteve a certificação Second Party Opinion (SPO) pela consultoria internacional Sustainalytics, que atestou a aptidão do banco para emitir títulos sustentáveis nacionais e internacionais. Com a certificação SPO e a publicação framework, além de avançar nos preparativos para a emissão de títulos no mercado, o BDMG pretende também aprimorar a mensuração do impacto das operações. Para isso, também em parceria com o BID, está construindo uma calculadora que permite avaliar emissões, reduções e estoque de carbono dos projetos financiados.
O representante do BID no Brasil, Morgan Doyle, destaca a importância das finanças ambiental e socialmente responsáveis na retomada do crescimento econômico que o país e o mundo buscarão. “Como resultado da pandemia, veremos governos, sociedade civil – e aí se inclui o mercado financeiro –, cada vez mais preocupados com modelos de negócio que não só permitam o crescimento econômico, mas que o façam de maneira responsável. Aliar esses dois quesitos é possível, e a emissão de títulos verdes é um exemplo disso. Estamos muito felizes de poder auxiliar o BDMG nesse processo que deverá se tornar paradigma para outras ações similares no país”, diz Doyle.
O BID já apoiou cerca de 20% das emissões verdes e sustentáveis na América Latina e Caribe. Entretanto, as emissões da região representam apenas 2% do montante mundial e é necessário aumentar esta participação, especialmente o Brasil, que tem o mercado mais promissor da região.
Além das iniciativas conjuntas com foco em sustentabilidade, o BID e o BDMG pretendem aprofundar parceria para avançar em temas como PPPs (Parcerias Público-Privadas). As instituições preparam um memorando de entendimento, a ser assinado em breve, para formalizar as intenções de ampliação do leque de projetos conjuntos.
Sobre o BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento tem como missão melhorar vidas. Criado em 1959, o BID é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e o Caribe. O BID também realiza projetos de pesquisas de vanguarda e oferece assessoria sobre políticas, assistência técnica e capacitação a clientes públicos e privados em toda a região.