A China se unirá ao Banco Interamericano de Desenvolvimento como membro doador, ampliando os seus crescentes vínculos com a América Latina e o Caribe.
O gigante asiático se tornará o 48o país membro do BID, que tem sede em Washington, DC, e é a maior fonte individual de financiamento de longo prazo para a região.
“Estamos entusiasmados por trazer uma economia grande e crescente como a China para uma comunidade de nações que estão trabalhando juntas para resolver os complexos desafios de desenvolvimento enfrentados pela América Latina e o Caribe”, disse o presidente do BID, Luis Alberto Moreno. “Esta é uma decisão histórica que leva a próspera relação comercial da China com a nossa região para a esfera do desenvolvimento.”
A China concordou em contribuir com US$ 350 milhões para o Grupo BID para promover programas importantes em um momento em que a economia mundial se encontra sob pressão. Os fundos serão distribuídos como se segue:
- US$ 125 milhões irão para o Fundo para Operações Especiais do BID, que oferece empréstimos concessionais para Bolívia, Guiana, Haiti, Honduras e Nicarágua.
- US$ 75 milhões irão para fundos de investimento diversos do BID para fortalecer a capacidade institucional dos Estados, incluindo governos municipais e instituições do setor privado.
- US$ 75 milhões destinam-se a um fundo de capital acionário a ser administrado pela Corporação Interamericana de Investimentos (CII), que faz empréstimos a pequenas e médias empresas.
- US$ 75 milhões serão administrados pelo Fundo Multilateral de Investimentos, o braço do BID que focaliza as microempresas.
“A China como membro do BID proporcionará para ambas as partes uma nova plataforma e oportunidades para o aumento no comércio e investimento e uma maior cooperação tecnológica,” disse Zhou Wenzhong, embaixador da China para os Estados Unidos. “É uma decisão vencedora que servirá aos interesses de todos.”
“Após integrar-se oficialmente ao BID, a China irá cooperar com o BID, apoiar suas políticas de redução de pobreza e promoção de desenvolvimento e compartilhar sua experiência com países da América Latina e Caribe com a finalidade de se atingir um benefício mútuo e um desenvolvimento comum,’’ ele adicionou.
Ao longo da década passada, a China tornou-se um parceiro comercial cada vez mais importante para muitos países da região. O comércio entre a América Latina e o Caribe e a China pulou de US$ 8,4 bilhões em 1995 para US$ 110 bilhões em 2007.
A China é hoje o segundo maior parceiro comercial da região, depois dos Estados Unidos. Em 1995, era o 12o maior, atrás de Japão e Alemanha, entre outros.
“O fluxo de idéias, recursos e tecnologia entre a China e a América Latina cresceu exponencialmente em anos recentes”, disse Moreno. “A China é um parceiro comercial e um investidor cada vez mais importante para a região e um vasto novo mercado para nossas exportações.”
A entrada da China foi aprovada pelos outros países membros em um processo de votação que durou um mês e terminou em 15 de outubro. As 26 nações mutuárias latino-americanas e caribenhas detêm 50,01% do controle acionário do BID. Os Estados Unidos têm pouco mais de 30% das ações.
A China comprará 184 ações, ou 0,004% do capital ordinário do BID, que ficou disponível depois da dissolução da Iugoslávia. A China será o terceiro membro do BID do Leste Asiático, depois de Japão e Coréia do Sul, que entraram em 1976 e 2005, respectivamente.
O Grupo BID espera aprovar cerca de US$ 10 bilhões em novos programas este ano e US$ 12 bilhões no próximo ano.
Como país membro do BID, a China será representada na Diretoria Executiva, ao lado das outras nações doadoras. Os diretores executivos são responsáveis pela supervisão das operações diárias do Banco, aprovação de empréstimos, estabelecimento de políticas e definição de taxas de juros, entre outras funções.
A China também terá assento na Assembléia de Governadores, a instância máxima de tomada de decisões do BID. Os governadores, que são, usualmente, ministros da Fazenda ou presidentes de bancos centrais, reúnem-se uma vez por ano para examinar as operações do Banco e tomar decisões normativas importantes. A reunião do próximo ano será em Medellín, na Colômbia, marcando o 50o aniversário do BID.
O BID emprega cerca de 2.000 funcionários, com representações em seus 26 países membros mutuários e em Tóquio e Paris.
China, CII e Fumin
A China vai se tornar o 44o membro da Corporação Interamericana de Investimentos. O país adquirirá 110 ações da CII, ou 0,16% de seu capital subscrito. A China contribuirá com US$ 75 milhões para estabelecer um fundo de capital acionário especial administrado pela CII para investir em pequenas e médias empresas e em instituições financeiras da América Latina e do Caribe.
“Esperamos que a contribuição da China tenha um efeito de demonstração que abrirá o caminho para mais recursos’, disse o gerente geral da CII, Jacques Rogozinski.
A China também contribuirá com US$ 50 milhões para o Fundo Multilateral de Investimentos, administrado pelo BID. Além disso, fornecerá US$ 25 milhões para um novo Fundo para Aumento da Produtividade e Promoção do Crescimento Econômico Inclusivo.
A China é a quinta maior doador de recursos ao Fumin, seguindo os Estados Unidos, Japão, Espanha e Coréia do Sul.
“A adesão da China ao Fundo Multilateral de Investimentos está alinhada com nossa estratégia de promover novas parcerias para testar novas idéias e alavancar conhecimentos e o impacto de projetos de desenvolvimento do setor privado”, disse o gerente geral interino do Fumin, Fernando Jimenez-Ontiveros.