A China formalizou sua associação ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, numa cerimônia de assinatura de documentos e colocação da bandeira, realizada na segunda-feira na sede do BID em Washington, DC. O gigante <?xml:namespace prefix = st2 />asiático tornou-se o 48º país membro do Banco, contribuindo com US$350 milhões para vários programas.
O ingresso da China, um investidor e parceiro comercial cada vez mais importante para a América Latina e o Caribe, ocorre num momento em que o BID se esforça para ajudar seus países membros mutuários a enfrentar o impacto da crise financeira global. Estima-se que o crescimento econômico da região diminuirá para cerca de 2% em 2009 — seu nível mais baixo em seis anos.
“A bem-vinda adesão da China à família do BID fortalecerá nossa instituição num momento crítico para a economia mundial, quando os países precisam proteger seus recentes avanços sociais e econômicos”, declarou o Presidente do BID, Luis Alberto Moreno. “Esses tempos de desafios requerem ações ousadas e unificadas que serão uma parte vital da agenda preparada para a nossa Reunião Anual, a realizar-se em março, em Medellín, Colômbia. A China é um parceiro essencial no caminho que temos pela frente.”
O BID é a principal fonte de crédito a longo prazo para projetos de desenvolvimento na América Latina e no Caribe, proporcionado um conjunto de serviços que vão desde conhecimento técnico a operações não-reembolsáveis para pequenas empresas.
Em 2008, o BID aprovou US$12,2 bilhões em empréstimos, garantias de créditos e operações não-reembolsáveis — um montante recorde, que reflete as necessidades de seus membros diante da crise global. O BID aprovou também para seus membros um programa especial de liquidez de emergência, no valor de US$6 bilhões, dos quais US$900 milhões já foram empenhados.
A China foi representada na cerimônia por seu embaixador nos Estados Unidos, Zhou Wenzhong. O evento contou com a presença de uma delegação chinesa, liderada pela senhora Jin Qi, diretora-geral do departamento internacional do Banco Popular da China.
“Estamos emocionados hoje, porque depois de 15 anos de esforços, a China passa a integrar, formalmente, o griupo do Bando Interamericano de Desenvolvimento”, disse o embaixador Zhou. “Na conjuntura da atual crise financeira, é de máxima importância fortalecer uma cooperação ampla entre a China e a América Latina. O ingresso da China no BID criará uma nova plataforma e a oportunidade de fomentar essa cooperação. Por isso, o fato é motivo de júbilo para ambos os lados.”
Após assinar os documentos que formalizaram o ingresso da China, Moreno e Zhou colocaram a bandeira chinesa entre os estandartes dos outros 47 países membros do BID.
Os documentos assinados serão depositados na Organização dos Estados Americanos, a instituição fundadora do sistema interamericano. A China tem o status de nação observadora na OEA, que esteve representada na cerimônia por seu secretário-geral, José Miguel Insulza.
Na última década, a China tornou-se um importante parceiro comercial para muitos países na América Latina e no Caribe. O montante do comércio entre essa região e a China multiplicou-se por 13 desde 1995, passando de US$8,4 bilhão para US$110 bilhões em 2007. Atualmente a China é o segundo parceiro comercial da região, depois dos Estados Unidos.
Com o ingresso da China, os membros do BID passam a compreender 40% da população do planeta e quase três quartos do PIB mundial.
A China contribuirá com US$350 milhões para o grupo do BID. Desse total, US$125 milhões irão para o Fundo de Operações Especiais, o guichê do BID para empréstimos em condições favoráveis a seus países membros mais pobres. Outros US$75 milhões criarão um fundo de múltiplos doadores para fortalecer a capacidade institucional dos países da América Latina e do Caribe.
A China ingressou também nas instituições afiliadas do BID, a Corporação Interamericana de Investimentos (CII), que se concentra em empresas de médio porte, e o Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin), entidade que, administrada pelo BID, promove o crescimento e a redução da <?xml:namespace prefix = st3 />pobreza através de investimentos no setor privado, concentrando-se em micro e pequenas empresas e na área de microfinanças.
A China contribuirá com US$75 milhões para a CII, a fim de criar um fundo que oferecerá capital de investimento a pequenas e médias empresas.
O BID receberá, em nome do Fumin, US$75 milhões da China. Parte da contribuição será utilizada para criar um fundo que promoverá projetos destinados a aumentar as oportunidades econômicas para os pobres da região.
O ingresso da China foi aprovado pelos demais países membros num processo de votação concluído em 15 de outubro de 2008. Os 26 países membros mutuários da América Latina e do Caribe possuem 50,01% das ações do BID. Os Estados Unidos detém 30% das ações.
A China está adquirindo 184 ações, ou 0,004% do capital ordinário do BID, que ficaram disponíveis após a fragmentação da Iugoslávia. A China será o terceiro país da Ásia Oriental a tornar-se membro do BID, depois do Japão e da Coréia do Sul, que ingressaram na instituição em 1976 e 2005, respectivamente.
O Governador do Banco Popular da China representará seu país na Assembléia de Governadores, o órgão decisório máximo do BID. A maioria dos governadores do BID são ministros de Finanças ou presidentes de bancos centrais.
A China participará da próxima reunião anual da Assembléia de Governadores, programada para realizar-se em Medellín, Colômbia, de 27 a 31 de março de 2009. O BID está também comemorando este ano seu 50º aniversário de fundação.