Elas são muitas vezes descritas como inimigas naturais. Neste canto, a burocracia governamental: pesada, lenta e tolhida por normas e procedimentos antiquados. No outro, a Internet: ágil, rápida e esperta. Adivinhem quem é o favorito?
A revolução da Internet, que nos últimos cinco anos tem agitado o setor privado, está começando a penetrar o vasto mundo dos serviços públicos. À primeira vista, parecia que as burocracias podiam ignorar o desafio. Afinal, elas não "competem" com outros serviços como as empresas particulares; seus "clientes" geralmente não têm opção: têm que ficar na fila, preencher formulários e esperar por um veredito oficial ou um cheque da previdência.
Por isso, em teoria, as burocracias públicas não teriam incentivo para estudar como a Internet poderia tornar seus serviços mais convenientes, eficientes e acessíveis.
Na verdade, porém, as burocracias mais modernas em todo o mundo estão adotando a Internet, em alguns casos até mais rapidamente do que o setor privado. Na Inglaterra, por exemplo, o governo está prestes a lançar um portal na World Wide Web chamado UK Online que oferecerá, até 2002, um único ponto de acesso para 25% de todos os serviços públicos. Três anos depois disso, o governo tenciona colocar no portal 100% de todos os serviços públicos. Isso significa que os cidadãos poderão conduzir praticamente todas as transações oficiais a partir de qualquer computador com conexão direta. Em Cingapura, eCitizen, um portal que existe há um ano, permite que os usuários preencham uma declaração policial ou se candidatem a alugar um apartamento do governo, entre outras coisas.
Há muitas justificativas possíveis para essas iniciativas, mas a mais básica é esta: à medida que as pessoas se acostumam com o valor e a conveniência crescentes de serviços no setor privado, tornam-se mais impacientes com a ausência de padrões semelhantes no governo. Como resultado, alguns políticos começam a descobrir o valor estratégico da promoção de um desempenho mais eficiente do setor público. Um governo que consiga tornar mais leve o "fardo burocrático" para seus cidadãos provavelmente se sairá bem em eleições futuras.
A melhoria real dos serviços públicos requer porém mais do que um site bem desenhado na web. A Internet é um reflexo de mudanças mais profundas que estão ocorrendo em algumas burocracias. A próxima edição do BIDAmérica apresentará uma análise em profundidade de como dois países -- Chile e Uruguai -- estão tentando transformar burocratas em empresários.