Samuel Ardaya Rivera, 13, sabe por experiência própria quão difícil é freqüentar a escola quando se é pobre. O pouco que ele ganha limpando pára-brisas de automóveis nas ruas de Santa Cruz, Bolívia, serve para ajudar com as despesas da casa e pagar material escolar. A vida é uma luta e para muitas crianças como Samuel a escola é um luxo que não podem pagar.
Ajudar crianças que trabalham a sair das ruas e voltar para a escola, fortalecendo ao mesmo tempo o envolvimento dos pais na educação dos filhos, é o alvo de um novo projeto que está sendo executado por grupos não-governamentais em Santa Cruz e nas cidades de La Paz, El Alto e Cochabamba. Financiado com a ajuda de um subsídio de US$2,65 milhões do BID, o programa está beneficiando 1.900 crianças de famílias extremamente pobres - 21% do número total de crianças que trabalham nessas cidades - com aulas particulares depois da escola, material escolar, roupas, lanches e refeições.
Em Santa Cruz, cada uma das três instituições encarregadas do programa contratou oito professores particulares. Seu trabalho principal é ajudar as crianças a acompanhar o trabalho da escola bem como envolvê-las em atividades recreativas, artísticas, culturais e científicas.
O programa resultou em uma queda significativa nos índices de repetência e abandono da escola. De fato, um ano depois do início do programa, 90% das 1.900 crianças que participaram completaram o ano escolar.
Um efeito importante do acompanhamento é o de fortalecer a auto-estima da criança, que em muitos casos foi danificada pelas experiências de trabalho e pela situação da família.