O Mercosul está numa encruzilhada e os países membros enfrentam desafios grandes e complexos. No entanto, continua sendo um projeto viável, sustentado com base na geografia, na história, na cultura e no interesse comum, afirmou hoje o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento Enrique V. Iglesias.
Em mensagem dirigida à XXIII Reunião do Conselho do Mercado Comum, realizada em Brasília, e apresentada aos ministros pelo vice-presidente do BID Paulo Paiva, Iglesias afirmou que o Mercosul teve efeitos práticos imediatos desde que foi criado em 1991. Admitiu, porém, que agora “as águas da economia passam por um período turbulento” e que “a conjuntura internacional não é tão favorável à integração como no início dos anos 1990”.
“As economias do Mercosul têm funcionado sob imensas pressões. Enquanto isso, as forças da globalização continuam a avançar e ameaçam deixar para trás aqueles países que não se engajem de forma competitiva nesse processo”, afirmou o presidente.
O Mercosul, acrescentou, “precisa ser relançado” e é importante “um compromisso político renovado e uma liderança que guie o bloco por uma trajetória que garanta o desenvolvimento comum dos países membros”.
Iglesias enumerou algumas medidas suscetíveis de revitalizar o Mercosul, entre elas regras de acesso estáveis aos mercados intra-regionais, implementação de regras críveis e efetivas, remoção de barreiras não tarifárias, restabelecimento da tarifa externa comum e reforço das disciplinas do comércio regional.
Por último, Iglesias instou em sua mensagem a “ir além dos atuais arranjos intergovernamentais”, mediante o estabelecimento de uma secretaria técnica profissional e “enxuta”, o aperfeiçoamento do mecanismo de solução de controvérsias, a criação de um aparato institucional adequado com vistas a uma união aduaneira plena, a coordenação macroeconômica sistemática que poderia abrir caminho para alcançar uma moeda comum e o reforço da fórmula 4+1 nas negociações com terceiros mercados.
A consolidação do Mercosul, conclui a mensagem, “é uma das altas prioridades para o Banco”, que está comprometido a trabalhar com seus governos em prol de um Mercosul “dinâmico, que conte com o respeito da comunidade internacional”.