Novo estudo do BID apresenta recomendações para fortalecer a capacidade estatística com base nas experiências de 10 países da América Latina
Estatísticas são um insumo essencial para a tomada de decisões e para a formulação de boas políticas públicas. Por essa razão, os países da América Latina e do Caribe devem investir no fortalecimento de seus Institutos Nacionais de Estatísticas (INE), de acordo com um novo estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O estudo do BID, Who wants to know? The political economy of statistical capacity in Latin America (Quem quer saber? A economia política da capacidade estatística na América Latina), faz recomendações para fortalecer a capacidade estatística com base em estudos de casos realizados na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala, México, Peru e República Dominicana, ao quais foram feitos de acordo com um novo marco teórico e metodológico com uma perspectiva comparativa e abrangente.
Na região, tanto o nível de capacidade técnica e institucional como a trajetória de desenvolvimento são heterogêneos entre essas instituições. Isso se deve, em parte, ao grau geral de desenvolvimento de cada país e de suas instituições governamentais, mas também às particularidades da economia política de cada país que ajudam a explicar tais diferenças e flutuações.
O estudo destaca a importância da demanda por informações estatísticas como um fator de fortalecimento para os INEs. Por isso, recomenda que, além de desenvolver uma ligação mais estreita com os atores governamentais, os INEs invistam em criar vínculos de trabalho com organizações da sociedade civil, agentes econômicos e a imprensa para ajudar a construir uma massa crítica de usuários que sirva como uma barreira informal para garantir a continuidade da capacidade estatística. Isso contribuirá para manter níveis de transparência e qualidade que evitem a politização excessiva das estatísticas e o potencial enfraquecimento dos INEs.
Destaca-se também que as oportunidades oferecidas por atores internacionais para fortalecer as capacidades estatísticas devem ser aproveitadas, não só por causa de seu papel como usuários de informações, mas também pela função crucial da cooperação internacional, bilateral ou multilateral para o fortalecimento do setor nos países, para proporcionar recursos e conhecimento para os INEs.
O estudo propõe promover o fortalecimento do setor de estatística nos países da região. Nesse sentido, destaca a importância de reformas institucionais que possibilitem a modernização dos marcos jurídicos que regem aos INEs em aspectos como autonomia, transparência e coordenação, e outras reformas que fortaleçam os sistemas estatísticos com recursos e pessoal, tendo em vista os desafios da tecnologia e da inovação para o futuro.
O sucesso da rodada de censos de 2020 na América Latina e Caribe dependerá, em grande medida, da capacidade dos INEs de produzir dados confiáveis e de qualidade para a formulação de boas políticas públicas.