O Banco Interamericano de Desenvolvimento, a principal fonte de empréstimos de longo prazo para a América Latina e o Caribe, anunciou hoje sua intenção de aumentar os financiamentos a projetos relacionados a energia renovável e clima, atingindo US$ 3 bilhões anuais em 2012.
O presidente do BID, Luis Alberto Moreno, fez o anúncio em uma cúpula de ministros da energia das Américas realizada na sede do Banco em Washington, D.C. Representantes de 32 países do hemisfério ocidental compareceram ao evento, incluindo o Secretário de Energia dos Estados Unidos, Steven Chu, e a Secretária de Estado Hillary R. Clinton.
Na cerimônia de abertura do evento de dois dias, Moreno disse que o BID enfrenta uma demanda crescente de apoio por parte de países latino-americanos e caribenhos interessados em desenvolver seus recursos de energia renovável e em combater os efeitos da mudança climática. Os empréstimos do BID para projetos relacionados a energia devem atingir US$ 1,5 bilhão este ano, em comparação com US$ 457 milhões aprovados em 2008.
“No mês passado, como muitos aqui sabem, nossa Assembleia de Governadores aprovou em princípio um aumento geral de capital recorde para o BID, de US$ 70 bilhões. Como resultado, quando esse processo for concluído, o Banco terá a capacidade de duplicar novamente seus empréstimos para energia limpa e sustentável, chegando a aproximadamente US$ 3 bilhões anuais em 2012. E hoje tenho o prazer de anunciar que essa é a nossa intenção”, disse Moreno.
A expansão dos financiamentos permitirá que o BID concentre-se em quatro áreas amplas: aumentar os investimentos em energia renovável em seus países membros mais pobres; estimular a integração energética na América Latina e Caribe; promover medidas de eficiência energética em toda a região; e ajudar os governos a estabelecer marcos de mitigação e adaptação à mudança climática.
Como exemplo do tipo de projetos que o BID pretende apoiar, Moreno disse que o Banco proporia ao governo haitiano o desenvolvimento de uma nova infraestrutura energética para aproveitar o potencial de energia eólica, solar e hidrelétrica do Haiti. Tal iniciativa teria um custo da ordem de US$ 1 bilhão, mas ajudaria o país mais pobre do hemisfério ocidental a poupar centenas de milhões de dólares por ano em importações de combustíveis fósseis.
“Claro que US$ 1 bilhão é muito dinheiro. E muitos obstáculos técnicos e regulatórios teriam de ser superados. Mas imaginem o que significaria para o Haiti reduzir a sua despesa com importação de combustíveis. Além do mais, isso provaria que a energia renovável não é um luxo, mas uma maneira inteligente de pôr em uso o potencial humano mesmo no mais difícil dos cenários”, disse Moreno.
Moreno disse também que o BID está construindo uma parceria com o Departamento de Energia dos Estados Unidos e com outras agências de dentro e fora da região para estabelecer o Centro de Inovação da Parceria das Américas para Energia, que terá em sua equipe alguns dos mais destacados especialistas em energia renovável e eficiência energética do mundo. O centro servirá como um órgão centralizador de conhecimentos e uma incubadora para projetos de energia apoiados por governos e por investidores do setor privado.
“Dezenas de países das Américas reuniram-se hoje a fim de promover a energia limpa para o futuro de nosso hemisfério”, disse o secretário Chu. “Ao expandir nossa cooperação e colaboração em questões fundamentais de energia e clima, estabeleceremos uma base para um crescimento econômico sólido, ao mesmo tempo em que ajudamos a proteger nosso meio ambiente.”
Durante a reunião ministerial, que terá continuidade sexta-feira na sede da Organização dos Estados Americanos, os representantes discutirão propostas concretas para encontrar novas fontes de energia renovável, baixar o consumo de energia e reduzir as emissões de dióxido de carbono.
Fundado em 1959, o BID é o maior e mais antigo banco de desenvolvimento regional do mundo. Em março, seus 48 países membros concordaram em princípio em aumentar seus recursos de capital para ampliar a capacidade de financiamento para US$ 12 bilhões ao ano, quase o dobro de seu nível sustentável atual. Os Estados Unidos são o maior acionista individual, com uma participação de 30% no capital do BID. Coletivamente, os países membros mutuários da América Latina e Caribe possuem o controle acionário majoritário.