Os grandes furacões como o Mitch atraem a atenção de todos, mas para a maioria dos centro-americanos essas tormentas apenas acentuam uma seqüência de desastres naturais menores. Centenas desses chamados distúrbios "não-castratóficos" - enchentes, deslizamentos de terra, terremotos, erupções vulcânicas e até mesmo tsunamis - acontecem todos os anos nos países situados entre o México e a Colômbia. Mas poucos aparecem na imprensa internacional.
Milhares de pessoas de que ninguém fala morrem ou perdem as suas casas quando ocorrem esses eventos e inúmeras empresas sofrem perdas ou são forçadas a fechar. Estudos recentes conduzidos pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe indicam que esses desastres menores têm custado para a América Latina e o Caribe US$1,5 bilhão por ano em perdas de propriedades e potencial de produção.
Boa parte dos danos decorrentes desses eventos pode ser atribuída à ação humana, seja na forma de práticas agrícolas incorretas, construção de casas em locais perigosos ou simples falta de planos de evacuação. O desmatamento e a erosão dele resultante, por exemplo, aumentaram indiscutivelmente a freqüência e a gravidade das inundações. Por outro lado, poucos são os lugares no planeta em que as características geológicas e as circunstâncias meteorológicas conspiram de maneira tão perversa para colocar as pessoas em risco.
Além de se encontrar freqüentemente na rota de tormentas tropicais violentas, os países da América Central estão situados sobre um dos eixos mais intensos de atividade sísmica e vulcânica do mundo. O mapa ao lado apresenta um registro limitado dos eventos destrutivos causados por esses fatores e mostra por que tão elevadas proporções de centro-americanos e sofrem suas conseqüências.
Por mais desencorajadores que sejam esses fatores, é possível diminuir muito seu impacto por meio de um planejamento ambiental cuidadoso e de medidas de mitigação dos riscos. "Sabemos como reduzir a vulnerabilidade a desastres naturais do ponto de vista técnico", disse Robert Kaplan, chefe da divisão ambiental do BID a um grupo de países que incluía a América Central. "O desafio agora é juntar esta capacidade técnica com instituições e processos decisórios que executem a tarefa com eficácia. E isso tem de ser feito no município onde as pessoas vivem e também em níveis nacional e regional."