Novo estudo do BID discute as medidas que as empresas e governantes da América Latina e do Caribe podem adotar para diversificar suas exportações, atrair mais investimento estrangeiro e aumentar a competitividade internacional
Os países da América Latina poderiam expandir e diversificar significativamente suas exportações em direção a produtos mais sofisticados se adotarem medidas que os tornem parceiros confiáveis nas cadeias globais de valor – uma estratégia que poderia desenvolver a indústria local sem que os países tenham construir cadeias inteiras de suprimentos – de acordo com um novo estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O estudo “Synchronized Factories: Latin American and the Caribbean in the Era of Global Value Chains (Fábricas sincronizadas: América Latina e Caribe na Era das Cadeias Globais de Valor) revela que são poucos os países da região que estão aproveitando os benefícios que a organização internacional da produção oferece, como transferências de know-how e tecnologia que os fabricantes globais com frequência compartilham com fornecedores de países em desenvolvimento.
Esse quando reflete atrasos significativos com relação à Europa e à Ásia no que diz respeito à infraestrutura logística, incluindo infraestrutura física como portos marítimos e aeroportos, além de tecnologia de informação e comunicação (TIC), que são vitais para os métodos de produção “enxutos” adotados pelos principais fabricantes internacionais.
Além disso, a América Latina e o Caribe estão atrás de outras regiões na redução de obstáculos regulatórios e na adoção de acordos de livro comércio que otimizariam e reduziriam os custos de transações internacionais. Enquanto as exportações de um país europeu médio incluem cerca de 39% de seu valor em insumos de outras nações, por exemplo, na América Latina esse número é de apenas 22%.
“O surgimento de cadeias globais de valor dá aos países em desenvolvimento a oportunidade de entrar em novas áreas de negócios sem ter que dominar cada passo da produção de um bem final”, disse Juan Blyde, Economista Líder de Integração e Comércio do BID e coordenador do estudo. “Mas, para aproveitar plenamente essa oportunidade, é fundamental melhorar a infraestrutura de transporte e logística e o ambiente de negócios.”
O estudo revela que:
- Se a América Latina e o Caribe puderem melhorar o transporte e a logística para níveis comparáveis aos da União Europeia, a região poderia atrair 20% mais investimento estrangeiro direto (IED) associado a cadeias de valor;
- Países que compartilham acordos de integração profundos com países parceiros tendem a atrair 12% mais em IED relacionado a cadeias de valor do que países sem esses acordos;
- A melhora do aparato jurídico tornaria os países mais atraentes para empresas internacionais que desejem basear parte de sua produção na América Latina, onde são necessários 733 dias para fazer cumprir um contrato, em comparação com uma média de 398 dias na Ásia;
O livro examina estudos de casos de empresas nas indústrias aeronáutica, automotiva, de software e de agronegócio no Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e México que conseguiram entrar em cadeias de suprimentos globais e faz recomendações de políticas para ajudar governos e empresas a estimular outros encadeamentos produtivos.
“Synchronized Factories: Latin America and the Caribbean in the Era of Global Value Chains”é a publicação principal anual do setor de Integração e Comércio do BID sobre a redução dos custos do comércio na região.