LIMA, Peru – A América Latina precisa construir instituições mais fortes, estabelecer sistemas regulatórios modernos e confiáveis e mobilizar investimento do setor privado a fim de suplantar o crescente “descompasso de infra-estrutura” em relação a outras regiões do mundo, segundo a opinião de especialistas.
Pesquisadores, especialistas e formuladores de política internacionais ofereceram alternativas e novas idéias durante um seminário realizado no sábado sobre “Lições e perspectivas em investimento em infra-estrutura na América Latina e no Caribe”, um dos eventos realizados em conjunto com a Reunião Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento em Lima.
Ao inaugurar o seminário, o presidente do BID Enrique V. Iglesias observou que a Europa do Leste e a Ásia Central investiam proporcionalmente o dobro de recursos em infra-estrutura em comparação com a América Latina, colocando a região em risco de “ficar ainda mais para trás em competitividade mundial”.
Apesar de ter sido líderes mundiais em privatização da infra-estrutura de 1990 a 2001, os países da América Latina enfrentam “um grave déficit em capacidade instalada e um declínio no investimento”, disse ele.
Iglesias avisou que a região precisa melhorar seu quadro regulatório e institucional, explorar e aplicar novos mecanismos de financiamento e adotar técnicas de partilha de risco que atrairão mais investimento privado e proporcionarão aos investidores um campo de ação nivelado.
Parcerias público-privadasUm estudo apresentado por Juan Benevides, especialista do BID, José Luis Guasch, do Banco Mundial e da Universidade de San Diego, e Prof. John S. Strong, do College of William and Mary em Virgínia, enfatizaram a necessidade de mitigar o risco e a incerteza de investidores e sugeriram parcerias público-privadas como caminho para atrair mais capital para desenvolvimento de infra-estrutura. Chamaram a atenção também para a necessidade de estabilidade institucional e macroeconômica.
“Melhor gestão governamental poderia ajudar a mitigar os riscos inerentes aos países onde os conflitos de política econômica e a debilidade do sistema jurídico são prevalentes”, escreveram num estudo intitulado “Managing Risks of Infrastructure Investment in Latin America: Lessons, Issues and Prescriptions”.
Teresa Ter-Minassian, diretora do Departamento de Assuntos Fiscais do Fundo Monetário Internacional, observou que tem havido reivindicações no sentido de que no caso dos gastos de infra-estrutura se tenha como objetivo o balanço fiscal corrente e não o balanço fiscal global. No entanto, ela apontou para desvantagens significativas no uso do balanço fiscal corrente, sugerindo que se continuasse a ter como objetivo o balanço fiscal global e a dívida pública bruta.
Outros oradores durante o seminário foram Jaime Quijandría, ministro de Minas e Energia do Peru; David Ferranti, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina; e Enrique García, presidente da Corporação Andina de Fomento.
O seminário em Lima foi a terceira conferência internacional organizada pelo BID para promover investimento em infra-estrutura na América Latina. A quarta conferência terá lugar em Tóquio no dia 13 de maio. Os seminários anteriores foram realizados em Madri, em janeiro, e em Washington, D.C., em fevereiro.
Daniel Schydlowsky, presidente da Corporação Financeira de Desenvolvimento do Peru, e Antonio Vives, subgerente do Departamento de Desenvolvimento Sustentável do BID, fizeram os comentários de encerramento. Vives observou que “o BID está pronto a examinar novos instrumentos para acelerar os investimentos em infra-estrutura e mobilizar oportunidades financeiras ainda não exploradas”.