Encontro destaca a necessidade urgente de colaboração intersetorial e ação coletiva para deter o desmatamento e promover a bioeconomia e as soluções de longo prazo.
Durante a Semana do Clima de Nova York, no final de setembro, organizamos um evento junto com o Painel Científico para a Amazônia (SPA, na sigla em inglês) centrado no financiamento climático para a recuperação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
O evento reuniu especialistas de destaque para explorar a interação entre o financiamento climático, os esforços de recuperação e o desenvolvimento sustentável nesta região que se encontra em uma encruzilhada crítica – um ponto de inflexão climático – enquanto o mundo enfrenta os desafios da mudança climática.
A partir da perspectiva do SPA, ressaltamos a urgência de se enfrentar os problemas e a necessidade de colaboração. Na intervenção realizada pelo BID Invest, enfatizamos a importância da união para abordar os múltiplos desafios enfrentados pela Amazônia.
COP30 no Brasil
O embaixador André Correa do Lago, secretário de Clima e Meio Ambiente do Ministério de Relações Exteriores, falou sobre os desafios de organizar a Cúpula das Nações Unidas para o Meio Ambiente, COP30, no Brasil. Ele destacou a urgência de abordar o desmatamento, uma das principais fontes de emissões do país, e enfatizou que combater o desmatamento não será suficiente para resolver a crise climática global. O verdadeiro desafio está nas emissões de combustíveis fósseis.
Apesar disso, o embaixador demonstrou otimismo, citando a Declaração de Belém e a iniciativa Unidos por Nossas Florestas, que busca reunir 67 países com florestas tropicais com interesses comuns.
https://www.youtube.com/watch?v=5EMZXinQfMU
Novo paradigma
Roxana Barrantes, do SPA, apresentou os principais pontos do documento “Uma nova infraestrutura para a Amazônia”, que enfatiza a necessidade de um novo paradigma para a infraestrutura na região que esteja voltada para as necessidades das populações locais e a proteção ambiental.
Ricardo Abramovay destacou o potencial da sociobioeconomia que não depende da exploração da natureza. Ele defendeu um enfoque na diversidade, conservação florestal e nos produtos não madeireiros.
Catarina Jakovac sublinhou o estado alarmante da Amazônia, onde cerca de 20% da floresta nativa foi desmatada. Para ela, é preciso passar dos “arcos de desmatamento” para os “arcos de restauração”, a partir de diversas estratégias, incluindo a regeneração natural e o plantio ativo.
A participação de atores locais e a promoção da cadeia de suprimentos e de valor da restauração são essenciais nesses esforços.
Desafios e oportunidades
O evento também contou com a participação de outros painelistas que, com suas perspectivas, enriqueceram o debate, ao pedirem a criação de mecanismos financeiros que reconheçam o valor intrínseco da natureza.
Ilona Szabó falou sobre os obstáculos e as oportunidades para o desenvolvimento amazônico, destacando a necessidade de recuperar as terras degradadas e reduzir o risco dos investimentos.
Valmir Ortega enfatizou a necessidade de estratégias personalizadas para restaurar milhões de hectares de terras degradadas, ressaltando a importância dos subsídios públicos para promover práticas sustentáveis.
Marcelo Medeiros compartilhou uma visão ambiciosa de restaurar 1 milhão de hectares de floresta, destacando o papel fundamental da biodiversidade e as alianças com produtores locais.
James Mulligan chamou atenção para o fato de que as soluções eficazes para a Amazônia requerem inovação e um forte compromisso com a ação, principalmente para interromper o desmatamento e promover a recuperação em larga escala.
Hervé Duteil mencionou a necessidade de mudar o foco da ampliação para a multiplicação dos fluxos financeiros para a Amazônia para atender às necessidades de desenvolvimento na região. Propôs ainda utilizar títulos de resultados como forma de transferência de risco e afirmou que o preço para a natureza deve ir além dos créditos de carbono e biodiversidade.
Inovação financeira
O debate que fechou o evento tratou dos Títulos da Amazônia – que o BID prepara com o Banco Mundial – como uma ferramenta para financiar a restauração. Foi feito um chamado a favor de mecanismos financeiros inovadores, como os próprios Títulos da Amazônia, além de investimentos em bioeconomia e financiamento baseado em resultados.
Outro destaque foi a necessidade de assegurar a prestação de contas no financiamento climático como um fator crucial para se alcançar resultados tangíveis tanto para as comunidades como para os ecossistemas.
Com a COP30 se aproximando cada vez mais, a ação colaborativa e as alianças intersetoriais são fundamentais para integrar esforços nas estratégias climáticas globais, garantindo o futuro da Amazônia.
Assista também:Rede Financeira da Amazônia
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https://www.youtube.com/watch?v=KrEbbQ392qI