Ninguém duvida de que o aumento das exportações é um dos desafios fundamentais dos países da América Latina e do Caribe empenhados na busca do crescimento econômico sustentável. De acordo com Juan José Taccone, diretor do Instituto para a Integração da América Latina e do Caribe (Intal) do BID, a questão é como essas nações poderão melhorar o desempenho de suas exportações em mercados que estão sendo radicalmente mudados pela globalização.
Esta questão foi abordada em um fórum organizado em junho pelo Intal, sediado em Buenos Aires, pela Divisão de Comércio e Integração do BID e pelo Banco Mundial. Participaram especialistas em promoção de exportações da América Latina e do Caribe, dos Estados Unidos, da Ásia e da Europa.
Resumindo as conclusões da reunião, Taccone explicou por que os governos e as agências de promoção da exportação devem continuar ajudando com determinação o setor privado, mesmo nesta época de compressão do Estado e retração dos subsídios.
"O governo tem uma função importante a desempenhar na ajuda ao setor privado para superar o que os economistas chamam em seu jargão de assimetrias e defasagens de informação", escreveu.
Em particular, as políticas de promoção da exportação deveriam tratar de certas áreas problemáticas dos mercados que freqüentemente frustram o potencial dos exportadores. Por exemplo, empresas de pequeno e médio porte da região carecem de informações suficientes sobre as oportunidades de negócio, as preferências dos consumidores e as exigências de qualidade em outros países. O custo da coleta desses dados é elevado demais para que a maioria dos empresários possa assumi-los individualmente. Mesmo nos casos em que podem fazê-lo, as empresas temem que os concorrentes aproveitem o trabalho já feito sem precisar pagar pelos custos de pesquisa e marketing.
O mesmo se pode dizer sobre os exportadores pioneiros, que fazem investimentos consideráveis na tentativa de abrir os mercados estrangeiros, cultivando contatos, estabelecendo cadeias de distribuição e outras atividades custosas, que serão depois usadas por seus rivais.
Do mesmo modo, a maioria das empresas da região não dispõe de meios para levar adiante programas ambiciosos de pesquisa tecnológica ou treinamento. Como conseqüência, não participam dos ganhos de produtividade conseguidos pelas empresas de mais recursos.
Segundo Taccone, existem lacunas que podem ser preenchidas com êxito pelas agências nacionais de promoção das exportações. Ele aponta para o fato de que nas Américas existem diversos exemplos de agências que selecionam informações sobre os mercados estrangeiros para os seus exportadores e os estimulam a freqüentar feiras de comércio para se familiarizar com os mercados externos. As agências de promoção de exportação também podem ajudar a construir ligações entre empresas e universidades e centros de pesquisa a fim de melhorar os recursos tecnológicos e humanos.
No fórum do Intal, os especialistas concordaram em que as agências nacionais de promoção da exportação deveriam ser financiadas pelos setores público e privado em conjunto, que deveriam ter um razoável grau de autonomia e que os seus executivos não deveriam ficar atrelados às escalas salariais estabelecidas para os demais servidores públicos.
O último número do boletim da Intal Integration & Trade traz uma série de oito artigos sobre o novo cenário regional e multilateral do comércio e as experiências de agências de promoção da exportação no Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e México.