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Inteligência artificial traz amplos benefícios para América Latina e Caribe: Relatório BID

Estudo também apressa governos para anteciparem as consequências da inteligência artificial no mercado de trabalho

BUENOS AIRES – A inteligência artificial (IA) pode facilitar as negociações comerciais e aumentar o crescimento econômico em um ponto percentual nas economias da América Latina e do Caribe, segundo relatório do Banco Interamericano Desenvolvimento (BID), elaborado de por seu Instituto para a Integração da América Latina e do Caribe (INTAL).

Isso levaria a um crescimento regional do PIB no médio prazo de 4 por cento em vez de 3 por cento. Brasil, por exemplo, poderia crescer 4,1 por cento ao ano em vez de 3,2, e Colômbia 4,5 por cento em vez de 3,7 por cento. Segundo cálculos incluídos no novo relatório, a taxa de crescimento das economias que incorporem IA seria, em média, 25% mais elevada.

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Quase a metade desse aumento seria gerada por melhorias na produtividade, ao permitirem aos trabalhadores maior dedicação a tarefas em que eles contribuem com mais valor agregado, segundo Algoritmolandia: Inteligencia Artificial para una Integración Predictiva e Inclusiva de América Latina (Algoritmolandia: Inteligência artificial para uma integração Preditiva e Inclusiva da América Latina). O relatório também revela que a irrupção da inteligência artificial trará importantes desafios éticos no mercado de trabalho.

"A inteligência artificial é mais do que uma nova onda de tecnologia", diz Gustavo Beliz, diretor do INTAL. "É um híbrido único de capital e trabalho, que cria uma força produtiva completamente inovadora, capaz de aprender por conta própria. É urgente a incorporação dessas novas tecnologias em nossa matriz produtiva e em nossa pauta de exportações para não ficar para trás em relação às economias mais desenvolvidas".

O relatório estima que a inteligência artificial possa gerar "uma nova tecnodiplomacia comercial" que facilite as negociações comerciais e otimize as cadeias de valor, ao conseguir analisar enormes fluxos de dados de intercâmbio comercial, de posições tarifárias, de normas técnicas e sanitárias, de avaliações de impacto, de regras de origem e de estudos de factibilidade. A inteligência artificial pode impulsionar negociações que demandam consenso de vários países tornando-as mais rápidas e eficientes.

A inteligência artificial facilita a construção de cenários mais sofisticados de integração regional preditiva, por meio de ferramentas analíticas antecipatórias. Uma análise de eficiência comparada demonstra que os modelos de inteligência artificial trazem melhorias de até 300 por cento quanto à capacidade preditiva diante de modelos econométricos tradicionais.

Nas finanças e nos mercados de capitais, os algoritmos predizem o perfil de risco do investidor com uma eficácia de 95%. No comércio, a proximidade geográfica entre as diversas variáveis é determinante, e o reconhecimento de imagens, bem como a identificação de padrões, têm alto potencial preditivo.

A infraestrutura que incorpora inteligência artificial pode ajudar a região a fechar a brecha quanto à conectividade física. Em relação ao transporte, a inteligência artificial pode designar em tempo real o espaço portuário para contêineres otimizando a gestão de inventários através de sensores e internet das coisas. Em relação à energia, é possível economizar o consumo em até 10% com a aplicação de grades que adaptam demanda e oferta energética de maneira automática. 

Em relação à saúde, diagnósticos de doenças através de reconhecimento de imagens têm uma precisão de 96%. Em relação à educação, a inteligência artificial permite reduzir o custo do reforço escolar em 40% e incrementa a taxa de sucesso em exames escolares a partir do ensino personalizado. 

Consequências no emprego

A inteligência artificial traz importantes desafios políticos e éticos. As medições do risco de perda de trabalho em cada país como consequência da automação flutuam entre 10 por cento e 65 por cento. Algoritmolandia apresenta uma nova maneira de medir esse risco, que leva em consideração indicadores como nível de escolaridade, estrutura produtiva e proporção de robôs por obreiro industrial, entre outros.

Os países da América Latina estão situados em uma porcentagem de entre 36 e 43 por cento dos empregos perdidos por causa da inteligência artificial, um valor intermediário entre as previsões mais utópicas e as mais pessimistas. Os países com menor PIB per capita e maior desigualdade têm maior risco de perder postos de trabalho para a inteligência artificial, aponta o relatório.

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"Para os governos, é essencial desenhar políticas públicas e planos estratégicos de inteligência artificial, para conduzir com cuidado a transição tecnológica de trabalhadores deslocados para novos empregos", diz Gustavo Beliz da INTAL. "E uma ‘rebelião’da inteligência artificial pode soar distante, de ficção científica, mas precisamos antecipar os riscos éticos de gestão, análise e produção de dados. A inteligência artificial pode trazer prosperidade, mas temos que garantir que seja de maneira inclusiva e segura".

Sobre o Banco Interamericano de Desenvolvimento

O Banco Interamericano de Desenvolvimento é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para projetos econômicos, sociais e institucionais na América Latina e o Caribe. Além de empréstimos, doações e garantias de crédito, o BID realiza projetos de pesquisa de vanguarda para oferecer soluções inovadoras e sustentáveis aos problemas mais urgentes de nossa região. Criado em 1959 para ajudar a acelerar o progresso em seus países membros em desenvolvimento, o BID trabalha dia a dia para melhorar vidas.

Contato de Imprensa

Bachelet,Pablo A.

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Borges De Padua Goulart,Janaina

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Basco,Ana Ines

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